Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
Amaterasu: a deusa do sol e do universo

AMATERASU: A DEUSA DO SOL E DO UNIVERSO

Amaterasu: a deusa do sol e do universo

Apresentamos a Deusa Amaterasu, vinda do Japão, simboliza o sol e o universo

Por Iêda Vilas-Bôas e Reinaldo Bueno Filho

Considerada por muitos a mais importante dos deuses xintoístas. O xintoísmo tem muitas Vertentes. Hoje, no Japão, não é mais considerado uma religião e sim uma Filosofia de vida. O simbólico em Amaterasu é a essência da luz. Sem a luz o mundo se converte em plena escuridão

Nossa deusa de outubro chega de ostentada em seu quimono, suas joias preciosas, tamanquinhos típicos do Sol Nascente, muita cerimônia e seus ritos e imensurável beleza, muita polidez e sorriso meigo no rosto. Amaterasu vem do Oriente, do Japão.

A história e a mitologia japonesa remontam há mais de 2.000 anos, incluindo um grande número de deuses, deusas e espíritos.  Para a mitologia japonesa, tudo na natureza tem um kami, uma divindade ou espírito que habita aquele corpo; a forma-energia-espiritual.

O kami também descreve os espíritos de entes queridos falecidos ou espíritos de animais. O panteão mitológico e de deidades japonesas é muito significativo e numeroso.

Segundo a mitologia, existem oito milhões de kami (八 百万). Essa escrita japonesa representa um número tradicionalmente usado para expressar o infinito no Japão.

Dentre essa infinidade de seres, destacamos a Deusa Amaterasu – a deusa do Sol e do universo. Considerada por muitos a mais importante dos deuses xintoístas. O imperador foi considerado como descendente direto de Amaterasu, durante o período do Xintoísmo do Estado, de 1868 a 1945.

A principal missão da Deusa Amaterasu é trazer luz ao mundo, assim como o Sol, sua regência, e abençoar a fertilidade. Seu santuário em Ise é o mais importante do Japão. O xintoísmo tem muitas Vertentes. Hoje, no Japão, não é mais considerado uma religião e sim uma Filosofia de vida.

Amaterasu, Amaterasu-ōmikami ou Ōhirume-no-muchi-no-kami é uma importante parte do círculo mitológico do Oriente. Ela é a deusa do Sol, mas também do universo.

Seu nome é derivado de Amateru que significa “que brilha no céu”. O sentido do seu nome completo, Amaterasu-ōmikami, é “a Grande Deusa Augusta que ilumina o céu”.

Amaterasu aparece empunhando um disco solar. Conta-se que Amaterasu vivia em uma gruta, em companhia de seus criados, que lhes teciam cotidianamente um quimono da cor do tempo.

Todos os dias de manhã, ela saía para iluminar a Terra. Até o dia em que seu irmão, Susanoo (deus do mar e da tempestade), em acesso de fúria destruiu campos de arroz.

Outra versão descreve a ira de Deus, após uma negociação fracassada para retardar uma disputa entre os três irmãos de Amaterasu. Susanoo, infeliz com o feito, arremessou um cavalo celestial morto sobre os teares das criadas tecelãs.

Esse feito amedrontou as tecelãs e uma delas morreu. A deusa Amaterasu não gostou e, irritada, escondeu-se em sua caverna celestial, e a luz sumiu para todo o sempre deste mundo. Amaterasu foi para a caverna, se recolhendo em luto pela morte da tecelã.

Com essa atitude, o mundo congelou e os campos apodreceram. O pânico tomou conta e foi semeado na terra e atingiu até o céu, onde ficavam os deuses. A escuridão tomou conta de tudo.

Os deuses, temendo a escuridão eterna, organizaram uma festa em frente a caverna de Amaterasu. O deus da inteligência, Omoikane, pediu a todos que comparecessem ao redor da caverna e colocassem um espelho apontando para a entrada.

Pediram a Uzume, a mais engraçada das deusas, que os distraísse diante da gruta fechada em que Amaterasu estava amuada. Uzume não usou de meios termos: pôs-se a dançar de forma provocante, exibindo suas partes íntimas com caretas irresistíveis.

Estava tão divertida que os deuses caíram na gargalhada… Curiosa, Amaterasu não aguentou: entreabriu a pedra que fechava a gruta, ela viu a deusa dançando e fazendo caretas e soltou sua primeira saborosa e iluminada gargalhada, e os deuses lhe direcionaram um espelho onde ela viu uma mulher esplêndida. Surpresa, ela se adiantou.

Então, os deuses agarraram-na e Amaterasu saiu para sempre de sua caverna celestial. O mundo estava salvo.

O simbólico em Amaterasu é a essência da luz. Sem a luz o mundo se converte em plena escuridão; ela é viver, é a possibilidade da vida. Ela é a deidade japonesa que vela sobre os homens e os enche de benefícios, responsável por iluminar o mundo e assegurar a fertilidade dos campos de arroz.

Amaterasu ou Ama, como é carinhosamente chamada, é membro da realeza divina, filha do deus primordial supremo, que, segundo a mitologia do povo do Sol Nascente, é o criador do Japão.

A deusa, irmã do deus da tempestade “Susanoo”, e do deus da lua “Tsukuyomi”, vive em Takamagahara (morada de todos os kami “deuses”). Juntos, Mihashira-no-uzu-no-miko “Os três filhos nobres”, estão no comando dos céus.

Como uma deusa do Sol, Amaterasu ilumina o mundo a cada dia e garante o crescimento exuberante dos campos de arroz. Ela é também considerada uma hábil tecelã celestial. Afirma-se que os Imperadores japoneses são seus descendentes diretos.

A luz que é emitida pela kami é fundamental para a ordem e harmonia no reino celestial e no mundo nosso, dos mortais.

Para cuidar de seus enormes e exuberantes campos de arroz, Amaterasu sempre utilizava sementes fornecidas por Uke-mochi, a deusa dos alimentos. Certo dia, pediu para que seu irmão Tsukuyomi, o deus da Lua, verificasse suas plantações e o trabalho de Uke-mochi.

Sabendo da visita do deus, Uke-mochi resolveu preparar um imenso banquete: vomitou arroz cozido (felicidade em abundância), peixes e moluscos (sabedoria em abundância) e algas (alegria em abundância).

Tsukuyomi não gostou nada do modo “criativo” que Uke-mochi preparou a refeição, e – enojado – matou a deusa. A morte de Uke-mochi perturbou Amaterasu fazendo-a rotular Tsukuyomi como um deus mau e se dividiram, separando assim, o dia da noite.

O xintoísmo tem muitas Vertentes. Hoje, no Japão, não é mais considerado uma religião e sim uma Filosofia de vida, porém ainda existem muitos templos xintoístas e muitos japoneses ainda praticam como uma religião, Porém isso não impede o culto a Amaterasu em outras egrégoras, pois a magia é livre para o culto às divindades que mais agradarem. Claro sempre com respeito a sua origem de culto.

Na magia, o espelho solar, se consagrado a Amaterasu, é ótimo para prosperidade e beleza, rituais para seu sol interior, para ativar o seu brilhar pessoal sob a regência dessa magnífica deusa.

Ieda Vilas-Bôas (in memorian) – Escritora. Reinaldo Bueno Filho – Escritor.  Iêda Vilas-Bôas, IVB, como gostava de ser chamada, faleceu em 08/04/2022. Deixa imensa saudades e um profundo legado de textos antológicos.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA