Miliciano protegido: “amigo é amigo, né?”

Miliciano protegido: “amigo é amigo, né?”

“O miliciano era ex-policial militar e foi homenageado duas vezes com medalhas pelo então deputado estadual (do Rio de Janeiro) Flávio Bolsonaro. “

 
Quanto mais informações trazem novos fatos e evidências, mais claro fica que o miliciano Adriano da Nóbrega era assim, ó, afinadíssimo com o presidente da República e seus filhos. Eles e o ministro da , , dão voltas e mais voltas e acabam criticando a polícia da , que matou o miliciano em confronto armado, numa fazenda onde o criminoso se refugiava.
 
O miliciano era ex-policial militar e foi homenageado duas vezes com medalhas pelo então deputado estadual (do Rio de Janeiro) Flávio Bolsonaro. Quando homenageado pelo deputado, Adriano já era processado pela Justiça por conta de sua atividade como membro da milícia local, uma organização criminosa, paramilitar, que se infiltra em órgãos da administração pública, inclusive na área de .
 
Ademais, familiares do miliciano trabalharam no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa, no esquema de rachadinha, ou seja, que deixa uma parte do salário com o deputado e nem precisa aparecer, pra trabalhar.
 
Há outros fatores que deixam a do miliciano ainda mais cheia de suspeitas. Um deles é o fato de um presidente da República se pronunciar sobre a morte de um bandido – um assunto de meios policiais, não do Palácio do Planalto. Outro, é o de queima de arquivo, já que, no seu cotidiano, Adriano tomava uma série de medidas que apagavam suas atividades, como a destruição dos celulares que usava. Mas, sua morte, agora, protege os amigos.
Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, o presidente viajou pra mais longe, em mais um de seus delírios ideológicos. Disse ele: “Adriano foi morto pela PM da Bahia, do PT. Não precisa dizer mais nada.” Ele não explicou o que queria dizer com isso, mas reforça a estranheza dele estar, pelo que se deduz, defendendo um bandido morto em confronto com agentes policiais.

Já o ex-juiz Sérgio Moro, hoje no cargo de ministro da Justiça, se embaralhou ao responder sobre o crime a um jornalista. Deu uma resposta evasiva, duvidosa. Ao contrário do que se espera de um titular daquela pasta, ele deu voltas na e jogou alguma culpa sobre o governo estadual, dizendo que os governos estaduais controlam as polícias locais. No fundo, defendeu o bandido, ou amigo, na verdade.
Vale lembrar que Adriano da Nóbrega se refugia na Bahia há bastante , especialmente em um condomínio de luxo na orla de Salvador. Há bastante tempo, também, ele vinha sendo alvo de investigações da PM daquele , que foi fechando o cerco até chegar ao encontro fatal, no dia 9 de fevereiro. A justificativa da PM baiana é de que o nome do criminoso estava em listas de foragidos e que é função da polícia retirar essas pessoas das ruas.
O fato de constar dessas listas, no entanto, parece que em nada altera as relações de amizades, nem os esquemas de proteção usados por esses bandidos. Adriano não fazia parte da lista de criminosos foragidos, divulgada recentemente pelo Ministério da Justiça.
Enfim, amigo é amigo, né!?
Fonte: vermelho.org.br 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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