Ana Prestes aponta “requintes de tortura” de Israel contra ativistas

ANA PRESTES APONTA “REQUINTES DE TORTURA” DE ISRAEL CONTRA ATIVISTAS

Ana Prestes aponta “requintes de tortura” de Israel contra ativistas

A cientista política diz que o sequestro dos ativistas da Flotilha da Liberdade ocorreu de “forma bruta e ameaçadora”. Manifestações cobram liberdade dos 12 tripulantes

Por Murilo da Silva/Portal Vermelho

A embarcação Madleen, da Freedom Flotilla Coalition (FFC), foi interceptada no domingo (8) pelas Forças Armadas de Israel. Os próprios ocupantes da embarcação com ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza descreveram o ocorrido como “sequestro”, em vídeos postados posteriormente nas redes sociais. Analistas políticos e entidades corroboram a acusação feita.

Na visão da cientista política e secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes, a embarcação com os ativistas foi abordada ilegalmente, pois estava em águas internacionais. Além disso, Ana ressalta a forma ameaçadora utilizada pela Marinha de Israel, com drones, substâncias químicas, luzes e sons, o que configura um requintes de tortura.

“Aquele pó branco jogado, eles [militares israelenses] usam no Líbano, ali no Vale de Bekaa, é um pó com um cheiro muito forte, é insuportável para as pessoas. A forma como a abordagem foi feita, está tudo filmado, tudo registrado. Não há a menor dúvida de que é mais um abuso do Estado de Israel para impedir qualquer acesso a Gaza que não seja mediado por eles, e de uma forma bruta, ameaçadora e com requintes de tortura, sim, na forma como eles interpelaram, sequestraram e interceptaram a embarcação Madleen, que estava se dirigindo ali para a costa de Gaza”, afirma.

Nesta segunda (9), o Ministério de Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota em que pede a libertação dos 12 tripulantes e que Israel permita, imediatamente, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

De acordo com a cientista política, a nota do Itamaraty “foi muito boa, muito concisa e dura” ao destacar Israel como uma potência ocupante, portanto, com responsabilidades para com a população palestina, as quais insiste em descumprir, uma vez que restringem o acesso à água potável, alimentos, insumos médicos e medicamentos.

Veja os momentos de terror que os ativistas enfrentaram:

Ana Prestes também ressalta o pedido pela libertação dos 12 ativistas internacionais, entre eles, uma parlamentar da União Europeia, a franco-palestiniana Rima Hassan, o brasileiro Thiago Ávila, a sueca Greta Thunberg, assim como pessoas da Alemanha, Espanha, Holanda e Turquia.

“Além do Brasil exigir a imediata libertação dos ativistas, exige também que Israel interrompa o embargo aos insumos e aos suprimentos, aos alimentos e que interrompa o genocídio. A nota não fala especificamente de cessar-fogo, mas fala da interrupção desse uso da força da potência ocupante sobre Gaza. Eu acho que paulatinamente o Brasil vai se aproximando de medidas mais duras, mais concretas com relação ao Estado de Israel e ao governo genocida do Estado de Israel”, diz Prestes, ao se referir também às recentes declarações públicas do presidente Lula sobre um “genocídio premeditado” em Gaza.

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Thiago Ávila depois do ataque ao barco. Foto: Ministério das Relações Exteriores de Israel

Após interceptar o barco com ajuda humanitária, os israelenses indicaram que os 12 ativistas desembarcariam em Israel e seriam deportados.

Repercussão

Na França, uma grande mobilização tomou as ruas de Paris. O líder da esquerda Jean-Luc Mélenchon, com quem o presidente Lula se encontrou na semana passada, discursou para milhares de manifestantes que pedem a libertação dos 12 ativistas, incluindo a eurodeputada Rima Hassan.

No Brasil, uma manifestação está marcada para esta segunda (9), em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Organizado por movimentos de Direitos Humanos, o principal pedido do ato é pelo rompimento das relações diplomáticas.

Já a Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil) soltou uma dura nota pública que, em face do recente acontecimento, indica que Israel “precisa finalmente ser isolado e penalizado, seja com sanções, boicote e desinvestimento, seja com bloqueio militar.”

Jandira foi enfática ao salientar que houve “sequestro em águas internacionais” e pediu rompimento de relações diplomáticas com Israel. Para Daiana, a situação ocorrida com a Flotilha é inaceitável: “crime de guerra”.

Fonte: Portal Vermelho

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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