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Anielle Franco lança diário

Anielle Franco lança diário que escreve desde a morte da irmã Marielle

Publicada pela Editora , a obra “Minha irmã e eu” traz relatos e lembranças da relação entre a educadora e a vereadora assassinada em 2018…

por Pretas e Pretos no Poder/via Mídia Ninja

No dia 14 de março de 2018, quando o parou em choque diante do assassinato da vereadora , a irmã da parlamentar, Anielle, voltou a escrever um diário, que agora chega às livrarias pela Editora Planeta. Na obra Minha irmã e eu, a educadora revela os detalhes da relação que tinha com Marielle durante a e adolescência.

Em um exercício de recordar e reviver histórias que, até agora, ninguém teve acesso, Anielle revisita as que compartilhou com a irmã na Maré, onde cresceram; os dias após o assassinato; a tristeza dos pais; a comoção popular e a repercussão nacional e internacional do caso. Ela também escreve sobre a força necessária para continuar seguindo após a tragédia, cujas investigações até hoje não apontaram o mandante das de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes.

Intimista e impactante, a obra reconstrói lembranças e relatos que se entrelaçam com pensamentos de grandes intelectuais como Audre Lorde, Conceição Evaristo e bell hooks, nomes que influenciaram – e influenciam – a trajetória de Marielle e da própria autora. A edição ainda conta com prefácio escrito pela jornalista Maju Coutinho, texto de quarta capa assinado pela atriz Taís Araújo, além de reunir ilustrações e fotografias de família.
Em Minha irmã e eu, Anielle Franco celebra a e o de Marielle. Com coragem e determinação, a autora se ergue por meio da escrita para expressar a própria saudade e o pela irmã. A cada página, ela procura redescobrir quem é na busca de entender quem foi a que tanto admira. A obra já está em pré-venda nas principais lojas online e chega ainda em novembro às prateleiras das livrarias de todo o Brasil.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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