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As toalhas do Lula

As toalhas do Lula

As toalhas do Lula

O cearense Baez, um famoso dj, sacudia em meio a sorrisos uma toalha de praia vermelha de estampa bem conhecida….

Por Bruno Trezena/via Mídia Ninja

O sol nascia no Ceará naquela hora, mas era ao mesmo tempo a despedida do show em que ele se apresentava. No tecido da toalha o rosto do bom velhinho presidenciável Luís Inácio Lula da Silva. O público dele foi à loucura.

Igual em João Pessoa (PB), quando Luísa Sonza se enrolou no mesmo tipo de toalha durante uma apresentação. Ninguém esperava que a do nosso pop lacrasse repentinamente com a cara do presidenciável. O público dela foi à loucura.

Pabllo Vittar fez o mesmo no Lollapalooza. Gloria Groove provocou igual. E Ludmilla, quando tuitou um meme dançando “Vai dar PT” com a logo “O Feliz De Novo”. Tudo improvisado e de impacto gigantesco na corrida pré-eleitoral.

Como num passe de mágica, a campanha de Lula virou algo incontrolável no país.

Como se sabe dentro dos comitês eleitorais, campanha boa é campanha descentralizada. Ou seja, quando as manifestações de apoio surgem de forma espontânea, sem controle partidário ou de organizações oficiais do candidato. Pipocam na velocidade da luz e viralizam no mundo físico. É, por exemplo, o que levou Bolsonaro ao poder em 2018.

E, cara, foi um inferno.

Você se deparava com Bolsonaro em diversos espaços, até nos que você jamais poderia imaginar. Desde de canecas no Mercado Livre com a cara do sujeito, até as famosas camisas de arminha com as mãos sendo vendidas em bancas de jornal. Bolsonaro tinha virado uma marca, um símbolo, uma ideia de mudança. Risos.

Há profissionais que pecam tentando controlar essas manifestações, evitando que as pessoas usem fotos não-oficiais ou divulguem vídeos com imagens mais amadoras do candidato. Balela e um baita equívoco. Campanha boa é campanha “solta”, com estudante levantando toalha de estampa questionável durante transmissão de TV ou artista postando meme feito no paintbrush.

Se Lula tem um caminho a percorrer para chegar novamente à presidência ele cruza com a difícil avenida da batalha da Comunicação. E isso a gente sabe que está sendo enfrentado.

Ao mesmo tempo, de forma empírica é perceptível que existe, sim, uma onda em movimento para afogar o bolsonarismo nas latrinas da História. Uma onda a favor de Lula, em que o símbolo, a marca e o ideal é seu retorno. Isso ajudará muito para que mais toalhas se ergam espontaneamente pela frente. Que assim seja, viu?

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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