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o Não Me Deixes

Baião-de-Dois

Baião-de-Dois

“Cozinha-se o feijão com os temperos: toucinho, carne-de-sol, charque e um refogado de cebola e alho feito em azeite doce.” Taí uma linda receita do tradicional Baião-de-Dois nordestino, conforme o ensinamento da escritora Rachel de Queiroz em seu clássico livro “O Não Me Deixes”.

Por Rachel de Queiroz

O baião de dois – traduzindo: arroz com feijão – é um dos pratos tradicionais da cozinha nordestina. Claro que não é a simples mistura do feijão cozido com arroz cozido.

Tem preparo específico, o feijão com seu próprio tempero e determinado ponto de cocção recebendo o arroz, que cozinha naquele caldo de feijão enriquecido.

Existem várias maneiras de fazer o baião-de-dois, mas essa é a que usamos no Não Me Deixes:

Para duas partes de feijão (de preferência feijão-de-corda maduro), uma parte de arroz.

Cozinha-se o feijão com os temperos: toucinho, carne-de-sol, charque e um refogado de cebola e alho feito em azeite doce.

Quando o feijão estiver cozido, põe-se o arroz e deixa-se em fogo brando. Acrescenta-se cheiro verde (coentro e cebolinha) e, pouco antes de tirar do fogo, enfiam-se pedaços de queijo (como palitos) até que derretam.

Não se esquecer, quando o baião estiver pronto, de jogar por cima uma boa porção de torresmo.

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Rachel de Queiroz. Escritora. Em O Não Me Deixes – suas histórias e sua cozinha. Editora Siciliano. 2000.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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