BBB também é papo pra comunista?
A comunicação tem o poder de imprimir a alguém um sentido que constitui um ideário social, por meio do qual as relações são alicerçadas e desenvolvidas
Por Tamires Marinho/Portal Vermelho
O país inteiro acompanha, tema de diversos debates nas redes sociais e fora delas, a repercussão do participante negro e baiano, Davi, no BBB24.
Desde o início do programa, Davi vem sendo perseguido, e injustamente atacado por seus colegas de confinamento. Na tentativa de isolá-lo, os participantes o levaram à estafa mental, pudemos observar em rede nacional, seu desespero e solidão, que quase o fizeram desistir de seus objetivos no programa.
Em que pesem as críticas sobre o programa, e sobre as discussões que ele suscita, rasas, inapropriadas; apesar de tudo isso; qual o lugar de uma pessoa de esquerda nesse debate, que bom ou ruim, arrasta multidões e engaja milhões de pessoas? Ao se negar a comentar, não estaríamos a perder um espaço importante?
Lembro aqui aos que me leem, que a história da pessoa negra na tv e nas mídias em geral é marcada por muita difamação e racismo. Aprendemos que pessoas pretas devem servir quase que naturalmente ao serviço braçal, no caso de homens, e doméstico/sexual no caso das mulheres.
Com as teorias raciais que embasaram nossa cultura por tanto tempo, aprendemos que classe trabalhadora (que, no Brasil é quase sinônimo de negro) “não tem depressão, não sofre com bobagens”.
Sendo o Brasil o último país do continente americano inteiro a decretar o fim legal da escravização, numa exploração de 388 anos de duração; jamais poderíamos afirmar que tantos anos de objetificação de corpos negros não estenderia seus efeitos até hoje, afinal tivemos mais tempo de Brasil escravagista do que liberto. Estas transformações também foram acompanhadas pelas narrativas construídas através da literatura, cinema, rádio, televisão e internet.
As mídias compõem grande parte das ideias que temos acerca da nossa realidade, de outras civilizações, de outros tempos; contam e consolidam versões narrativas de si e dos outros.
A comunicação tem o poder de imprimir em algo ou alguém um sentido que constitui um ideário social sobre aquilo, por meio do qual as relações são alicerçadas e desenvolvidas, ou seja, aprendemos a nos relacionar com as pessoas, também através das narrativas que consumimos.
E, se neste campo, nos perguntarmos: Qual o lugar da pessoa preta em nossas mídias? Que mensagens foram direcionadas à sociedade para a lida diária com tais pessoas?
Movo estas informações para pensarmos em como podemos nos aproximar das camadas populares através destas identificações, o quanto nós, classe trabalhadora, fomos negligenciados na representatividade que nos cabia.
A maioria das pessoas negras tem dificuldade em se sentir representada e respeitada; milhões já passaram pela experiência de Davi, de ser excluído, diminuído, ter sua índole questionada, só que tudo no escuro das vidas cotidianas sem holofotes.
Aponto ainda que as diferenças sociais entre os participantes também é assunto caro, ou deveria ser, para nós, uma oportunidade de debatermos como as classes convivem e se enxergam umas às outras, as situações que ocorrem lá, também ocorrem aqui, todos os dias.
A diferença é que nem sempre a pessoa preta sabe reconhecer as práticas rasteiras do nosso racismo à brasileira, claro que sentem, mas nem sempre sabem nomear, muitas vezes, culpam a si mesmas pela exclusão, assim como o próprio Davi o fez ao se questionar o motivo de tanto ódio contra si.
E debates tão amplos como este, podem trazer à tona os mecanismos mais sorrateiros das tensões de gênero, raça e classe no Brasil, mas precisamos tomar a palavra, precisamos nos aproximar das massas, onde elas estiverem, eu pelo menos, irei.
Tamires Marinho é militante da Unegro/CE, Psicóloga, Psicanalista e Antropóloga, com ênfase em práticas descolonizantes em saúde mental.
Fonte: Portal Vermelho Capa: Reprodução/TV Globo
Big Brother Brasil: História do reality show mais famoso do país
O Big Brother Brasil revolucionou a televisão brasileira ao introduzir o conceito de confinamento total e votação popular. Lançado em 2002 pela TV Globo, o reality capturou a atenção nacional com sua mistura de drama, estratégia e exposição crua.
Ao longo de 25 edições, o programa transformou anônimos em celebridades e gerou debates sobre sociedade e entretenimento. Esta narrativa traça sua trajetória, desde as origens modestas até o fenômeno cultural atual, destacando edições chave e legados duradouros.
Origens e o Formato Inovador
O Big Brother Brasil surgiu do formato holandês Big Brother, criado pela Endemol em 1999. A Globo adaptou o conceito para o público brasileiro, estreando a primeira temporada em 29 de janeiro de 2002. Os participantes entravam em uma casa isolada nos Estúdios Globo, em Curicica, Rio de Janeiro, vigiados por mais de 50 câmeras 24 horas por dia. Sem contato externo, eles enfrentavam provas semanais e indicações ao paredão, onde o público decidia eliminações por votação telefônica.
A mecânica central incluía o líder da semana, imunizado e com poder de veto, e o anjo, que protegia outro brother. O prêmio inicial de R$ 500 mil atraía candidatos diversos, de estudantes a profissionais liberais. A segunda edição seguiu em agosto do mesmo ano, consolidando o sucesso. A partir de 2003, o programa virou anual, estendendo-se por três meses. Essa periodicidade anual elevou a expectativa, transformando o BBB em evento sazonal.
As Primeiras Edições: Consolidação e Controvérsias
A estreia marcou época com 22 participantes divididos em grupos. Kleber Bambam venceu com 58% dos votos, famoso por sua boneca Maria Eugênia, que virou ícone pop. A final reuniu 12 milhões de espectadores, provando o apelo voyeurístico. Na segunda temporada, Rodrigo Cowboy, o primeiro peão do reality, levou o troféu com 65% dos votos, mas polêmicas como brigas raciais surgiram cedo.
O BBB 3, em 2003, intensificou o drama com Dhomini Ferreira como campeão. Alianças políticas e romances, como o de Dhomini e Elane, geraram buzz. A edição enfrentou críticas por sensacionalismo, mas elevou audiências para 40 pontos no Ibope. No BBB 4, Cida dos Santos, uma manicure de 40 anos, quebrou barreiras ao vencer com carisma humilde, representando a classe trabalhadora.
Essas edições iniciais moldaram o tom: tensão social misturada a humor. O prêmio subiu para R$ 1 milhão no BBB 5, vencido por Jean Wyllys, um professor gay que discutiu preconceito abertamente. Sua vitória simbolizou inclusão, mas também atraiu ataques homofóbicos fora da casa.
Evolução do Formato: Inovações e Desafios
Com o tempo, o BBB incorporou twists para manter o frescor. No BBB 6, Mara Viana ganhou em uma edição marcada por dinâmicas de poder. O BBB 7 trouxe Diego Alemão como vencedor, com provas icônicas como a da Gaiola, que testou resistência física. A partir do BBB 10, em 2010, Marcelo Dourado venceu em polêmica final com discussões sobre homofobia, refletindo tensões sociais.
O prêmio cresceu exponencialmente: R$ 1,5 milhão no BBB 10, chegando a R$ 2,92 milhões no BBB 24. Inovações incluíram o Big Fone, chamadas surpresa com prêmios ou punições, e o Pipoca vs. Camarote, dividindo participantes em anônimos e famosos. A pandemia alterou o BBB 21, com edição remota e foco em saúde mental, coroando Juliette Freire com 90% dos votos – a maior margem da história.
O BBB 22, vencido por Arthur Aguiar, explorou triângulos amorosos. No BBB 23, Amanda Meirelles triunfou em dinâmica de grupos. Davi Brito, do BBB 24, representou o Nordeste com estratégia afiada. A edição 25, em 2025, viu Renata Saldanha como campeã, com temas de empoderamento feminino.
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Desde sua estreia em 2002, o Big Brother Brasil (BBB) se consolidou como um dos reality shows mais icônicos e populares na televisão brasileira. Exibido pela Rede Globo, o programa cativa milhões de espectadores ao oferecer uma fascinante observação da dinâmica humana, com participantes anônimos e famosos, sempre sob constante vigilância.
Estrutura e Funcionamento do BBB
No Big Brother Brasil, os “brothers” e “sisters” competem em provas de resistência física, habilidades mentais e interações sociais. Toda semana, os participantes enfrentam o Paredão, onde são indicados à eliminação e dependem do voto popular para continuar na disputa.
Além disso, o programa inclui inovações como o Big Fone, que pode oferecer vantagens ou desvantagens, e o Poder Curinga, que garante imunidade ou outros benefícios estratégicos. Esses elementos aumentam a complexidade e tornam cada edição do BBB única e cheia de surpresas.
Novidades para o BBB 25?
A temporada de 2025 do Big Brother Brasil promete ser a mais inovadora até agora. Estreando no 13 de janeiro, uma nova dinâmica será introduzida: a competição em duplas. Os participantes formarão pares com amigos, cônjuges ou familiares, trazendo novas estratégias e emoções ao jogo.
Mesmo competindo em pares, apenas um integrante poderá conquistar o prêmio final, criando uma camada extra de tensão. A tradicional divisão entre Pipoca (participantes anônimos) e Camarote (celebridades) também se mantém, garantindo diversidade nas interações.
Curiosidades e Recordes do BBB
O Big Brother Brasil não só registra altos índices de audiência, mas também marca recordes impressionantes. Em 2020, um “paredão” do programa atingiu mais de 1,5 bilhão de votos, entrando para o Guinness World Records como a maior votação em reality shows.
Além disso, as provas de resistência são um dos maiores atrativos do programa. Em 2018, um desafio se estendeu por quase 43 horas, testando não apenas a força física dos participantes, mas também sua perseverança e resiliência.
Onde Acompanhar o Big Brother Brasil?
Os fãs do BBB podem acompanhar o programa de várias formas. A Rede Globo exibe os episódios diários, enquanto o Multishow transmite flashes e conteúdos extras. Para uma experiência completa, o Pay-Per-View está disponível em diversas operadoras de TV por assinatura, permitindo acesso 24 horas à casa mais vigiada do Brasil.





