Jacitara, palmeira trepadeira
“[…] Há mesmo um gênero de palmeiras trepadeiras (Desmoncus), cujas espécies são conhecidas em língua tupi por jacitara. Apresentam elas hastes muito espinhosas, flexuosas, que se estendem de uma árvore a outra, pelo alto, e alcançam um tamanho incrível.
Henry Walter Bates (1825 – 1892) assim descreve a palmeira jacitara (Desmoncus polyacanthos Mart.):
“[…] Há mesmo um gênero de palmeiras trepadeiras (Desmoncus), cujas espécies são conhecidas em língua tupi por jacitara. Apresentam elas hastes muito espinhosas, flexuosas, que se estendem de uma árvore a outra, pelo alto, e alcançam um tamanho incrível.
As folhas que têm a forma característica da família, surgem com longos intervalos, em vez de formar a densa coroa apical, e são providas de certo número de longos espinhos recurvos apicais.
Tais órgãos são excelentes auxiliares que permitem à jacitara agarrar-se em sua ascensão, mas são muito incômodos para o viajante, pois às vezes pendem sobre a estrada e se prendem às roupas e ao chapéu, arrancando este último ou rasgando aquelas.
[…]” Celestino Pesce, em Oleaginosas da Amazônia (NEAD, 2009), descreve a jacitara como uma palmeira espinhenta de até 15 metros de altura, com 1 a 1,5 cm de diâmetro, folhas de 40 a 90 cm de comprimento e frutos obovoides, vermelhos, de 1,5 cm de comprimento.
O abano de jacitara é confeccionado a partir das fibras de uma palmeira liana/volúvel/trepadeira, pertencente ao gênero Desmoncus Mart., cuja as espécies são conhecidas em língua tupi como jacitara, e pertence à família botânica Arecaceae.
Trata-se de uma planta nativa da região amazônica, presente em terrenos de solos alagadiços e vegetação de sub-bosque. Suas hastes são muito espinhosas e flexuosas, que se estendem de uma árvore a outra pelo alto; quando jovem o caule em posição vertical atinge 1,5 m de altura e 5 mm de diâmetro, já as folhas têm de 1 a 1,3 m de comprimento; suas flores são hermafroditas e frutos de cor avermelhada e alaranjada quando maduros.
O material fibroso proveniente desta palmeira, é amplamente conhecido e valorizado nas comunidades indígenas do Amazonas pelas suas características de aparência, qualidade e durabilidade, na qual há significativa utilização da tala do caule para a confecção de utensílios domésticos e artesanatos por meio de trançados das fibras.
Além disso, as fibras das raízes são usadas nas zonas rurais por índios sul-americanos como agente desintoxicante, por possuir propriedades depurativas. Na comunidade Quilombola de Providência, o abano é feito da tala da Jacitara produzido artesanalmente, sendo utilizado como utensílio doméstico para atiçar o fogo ou ventarola.
Número de Registro Etno
MFS_000608_etn
Referências
LEITMAN, P.M. 2020. Desmoncus in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15707. Acesso em: 19 out. 2021
PEREIRA, E. Jacitara: Palmeira Trepadeira. Xapuri Socioambiental, 2021. Disponível em: https://www.xapuri.info/biodiversidade-2/jacitara-palmeira-trepadeira/ Acesso em: 19 de out de 2021.
SILVA, M. C. da. Síntese e caracterização de nanoceluloses a partir da fibra de Jacitara (Desmoncus polyacanthos Mart.). 2021. 84 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), 2021.