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Brasil corrige “pedalada climática” de Salles

Brasil corrige “pedalada climática” de Salles

Correção da meta climática brasileira deve ser apresentada por Lula na Assembleia Geral da ONU, que acontece a partir do dia 19. Ambição volta a ser a de 2015.

Por Cristiane Prizibisczki/O Eco

O Governo Federal anunciou, na última quinta-feira (15), a correção das metas climáticas assumidas pelo país junto à Organização das Nações Unidas, no âmbito do Acordo de Paris, reduzidas na gestão Bolsonaro. Os valores voltaram a ser aqueles estipulados em 2015, durante a presidência de Dilma Rousseff.

As metas nacionais brasileiras – as chamadas NDCs – foram revisadas duas vezes durante o governo anterior. Na última delas, em abril de 2022, o governo de então utilizou uma manobra contábil que permitiu aumentar a porcentagem de corte aumentando as emissões, ao invés de diminuí-las. A ação foi chamada por organizações da sociedade civil de “pedalada climática”.

A correção foi determinada pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), anunciado no início do governo Lula, mas que teve sua primeira reunião apenas nesta quinta-feira.

Do encontro entre ministérios saíram cinco resoluções, dentre elas a instituição de um Grupo Técnico para atualização da Política Nacional de Mudança do Clima, instituída em 2009. O grupo terá 120 dias, podendo ser prorrogáveis, para apresentar uma nova proposta.

Um Plano Nacional sobre Mudança do Clima – um documento mais prático – também deverá ser elaborado, com estratégias nacionais e planos setoriais de mitigação e adaptação.

A quinta resolução é a que trata da revisão da NDC. “Resolução nº 5 – Determina que o Ministério das Relações Exteriores comunique para a UNFCCC a correção da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, retomando o nível de ambição apresentado em 2015, no Acordo de Paris”.

Segundo Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, a notícia é positiva, mas muito trabalho ainda precisa ser feito para que o Brasil, de fato, aumente a ambição.

“A correção é importante porque restaura a ambição da meta climática brasileira, dando transparência e credibilidade. Porém, o assunto não se encerra aqui: o Brasil não progride em ambição, conforme manda o Acordo de Paris. Portanto, voltamos à estaca de 2015, mas ainda precisamos avançar. E é preciso que isso seja feito com participação e consultas públicas, ou nao vai ter legitimidade”, disse para ((o))eco.

A pedalada corrigida deverá ser anunciada por Lula na próxima Assembleia Geral da ONU, a ser realizada em Nova York, de 19 a 26 de setembro.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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