Brasil: “mediador” na presidência de Conselho da ONU

se fortaleceu como “mediador” na presidência de Conselho da ONU

País presidiu o Conselho num dos mais tensos momentos da política internacional, liderando tentativas de acordo para um cessar-fogo na Faixa de

Por Portal Vermelho

Durante os 31 dias em que ficou à frente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o Brasil atuou como mediador e árbitro em meio ao conflito no Oriente Médio – e não como ator político. É o que avaliam especialistas ouvidos pela Agência Brasil. 

O País presidiu o Conselho de Segurança em um dos mais tensos momentos da política internacional, liderando as tentativas de acordo entre seus membros para um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Quatro propostas de resolução sobre o conflito foram rejeitadas, mas o País se fortaleceu.

O de contemporânea da Federal Fluminense (UFF) Bernando Rocher é um dos especialistas que destacam a ação moderadora do Brasil na ONU. “A diplomacia se manteve firme tentando construir um acordo de cessar-fogo e de criação de um corredor humanitário para a população de Gaza, que está sendo bombardeada”, afirma. “Esse foi o ponto de destaque – não buscar conflito, não aprofundar as tensões, agindo como um gerente da causa, e não como um ator político.”

Segundo Rocher, com esse comportamento, o Brasil saiu bem visto pelos países árabes, mas acabou por desgastar um pouco as relações com e . “Para o árabe, o Brasil agiu com e com equilíbrio, tentando resolver um problema, e não o ampliando.”

Em relação a Israel e aos Estados Unidos, o professor ressaltou que “arestas foram criadas porque o Brasil apontou para um caminho independente e soberano”. Para ele, Israel exige uma submissão total ao ponto de vista deles. “O Brasil confere legitimidade ao de Israel, mas não nos termos absolutos que eles querem”, diz. Já os Estados Unidos, a seu ver, “não conseguem suportar muito o protagonismo e a liderança que a diplomacia brasileira tenta construir em vários campos”.

Gustavo Mendes de Almeida, pesquisador do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), considera que o Brasil acertou ao não se vincular diretamente a Israel e ao condenar os ataques do Hamas. “A gente vê isso pela resolução, que teve ampla aceitação”, pondera.

“Ela foi vetada pelos Estados Unidos, o que era de se esperar por conta das relações históricas que os Estados Unidos têm com Israel. Mas o fato de países como a França, que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, ter votado favoravelmente à resolução brasileira demonstra como ela foi bem planejada e articulada pela diplomacia do Brasil”, agregou. 

Para Almeida, a atuação do País fortalece o pleito brasileiro por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “O Brasil, historicamente, atua de maneira pacífica no sistema internacional por não ter confrontação aberta com nenhum outro país. Com isso, o Brasil segue bem como esse agente moderador que tenta pacificar as relações”, analisa. “O Brasil demonstrou para o mundo a importância que a diplomacia brasileira tem em tentar promover a paz.”

Com informações da Agência Brasil

Fonte: Portal Vermelho Capa: Antonio Cruz / Agência Brasil


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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