Brasília Após repercussão, escola com gestão militar no DF refaz mural com rosto de Mandela
O caso foi revelado pelo G1 e, após a repercussão negativa, a parede ganhou novos desenhos e voltou a estampar a famosa frase do político sul-africano. O grafite foi concluído nesta quinta-feira (14).
“Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
A pintura foi feita pelo mesmo grupo de artistas voluntários do Paranoá que tinha decorado o muro no ano anterior (veja acima). Os grafiteiros acrescentaram, dessa vez, os rostos da poetisa brasileira Cora Coralina e do educador Paulo Freire.
Segundo a diretora da escola, Estela Accioly, tanto a decisão para apagar a imagem anterior, como a de refazer o mural, vieram da atual gestão compartilhada com a Polícia Militar. “Colocamos em um muro mais bem posicionado, no pátio interno da escola”, explica.
No entanto, quando o grafite foi apagado, a PM do DF informou que “não tinha participado da decisão”. Questionada, a corporação também não deu mais detalhes sobre a reforma realizada no colégio.
Além dos desenhos, o muro da escola ganhou a frase atribuída ao filósofo e matemático grego Pitágoras.
“Educai as crianças e não será preciso castigar os homens”.
A escolha, segundo a diretora, também foi uma “sugestão compartilhada” e faz referência ao “bom senso e ao que a escola busca”, diz. “Seguimos a decisão de pintar o muro para comunidade perceber que a escola agora é um colégio da PM”.
“A frase [de Pitágoras] representa a educação, as crianças e a disciplina.”
Na fachada externa da escola, o que era um “mural da inclusão” também se tornou um muro branco. Agora, ele estampa o nome do “Colégio da Polícia Militar” em letras garrafais.
A direção da escola informou que a arte anterior era composta por desenhos de crianças obesas, cadeirantes e/ou com algum tipo de deficiência. “Os alunos se identificavam e se sentiam representados”, afirma Estela.
“Queríamos aproximar nossos estudantes, e mostrar que a escola é para todos.”
Apesar de se dizer “triste” com a pintura do muro, a diretora afirma que a “educação inclusiva vai continuar no projeto pedagógico”, com ações de consciência racial e respeito à diversidade.
O projeto implementado nesta segunda-feira (11) no CED 1 ocorre também em outras três escolas do DF: em Ceilândia, Recanto das Emas e Sobradinho.
Segundo o GDF, essas regiões foram escolhidas para abrigar a iniciativa porque apresentam “alto índice de criminalidade” e têm estudantes com “baixo desempenho” escolar.
Caso o projeto piloto apresente bons resultados, a ideia deve ser incorporada em outras 36 escolas do DF. O custo para aplicação da proposta em cada escola é orçado em R$ 200 mil por ano. Essa despesa deverá ser custeada pela Secretaria de Segurança Pública.