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BRINCADEIRAS ANTIGAS

BRINCADEIRAS ANTIGAS

Brincadeiras antigas para ensinar às crianças de hoje

Jogos como passa anel, brincadeira de roda ou amarelinha podem entrar em extinção, se não foram ensinados às crianças de agora

Por A Revista da Mulher

Em diversos estudos pedagógicos, o ato de brincar é definido como uma ação espontânea e natural, constituída por um sistema que integra a social das e que passa de geração a geração. Mas algumas brincadeiras antigas estão se perdendo na era digital.
 
“Os pais não têm a mesma habilidade dos filhos para as brincadeiras eletrônicas e os filhos parecem muito ocupados com seus jogos digitais para serem entretidos com brincadeiras antigas. Assim, o elo do lúdico tradicional com o entretenimento infantil atual se rompe”, comenta a pedagoga Leila Amaral.
 
Segundo Leila, a acaba resgatando um pouco dos jogos tradicionais, que marcaram a de pais e avós das crianças de hoje. Fora do ambiente escolar,  já não existe o hábito de se praticar algumas brincadeiras antigas entre as crianças modernas. Mas nada ainda está perdido. Como diz a professora primária Márcia Santos, gosta de novidade.
 
E brincadeiras antigas como amarelinha, pião, boneca de papel, quebra cabeça, passa-anel e tentas outras as crianças da geração atual muitas vezes nem conhecem. “Neste aspecto, o desafio é despertar o interesse das crianças através da curiosidade delas. Vejo os alunos que ficam instigados a brincar com algo desconhecido, que precisarão descobrir”, ensina a professora.

Brincadeiras antigas e suas regras

Para resgatar o prazer do lúdico sem precisar estar munido de grandes equipamentos, A Revista da  selecionou dez brincadeiras antigas que podem integrar pais e filhos nos momentos de lazer. Para brincar nas férias ou em dias de folga, o importante é se divertir.

1. Brincadeira de Roda

Com em tradições folclóricas, muitas brincadeiras antigas como as cantigas de roda já fizeram parte da infância de muitas crianças brasileiras. Para não deixar a brincadeira de roda tornar-se uma manifestação esquecida de vez, a dica é pesquisar as cantigas mais antigas, como Ciranda, Cirandinha, Pai Francisco ou Atirei o Pau no Gato. A brincadeira de roda é uma forma lúdica de desenvolver a expressão corporal, ritmo e coordenação motora das crianças.

2. Amarelinha

Nesta brincadeira antiga cada jogador precisa de uma pedrinha ou pedaço de casca de banana. Começa-se jogando a pedra na casa um e vai pulando uma casa com apenas uma perna até chegar ao ‘céu’.
O circuito da amarelinha pode ser desenhado no chão, em giz, quando se brinca na rua ou calçadas. Mas há tapetes antiderrapantes já com desenhos do circuito de amarelinha, encontrado em casa de brinquedo. Com eles é possível brincar dentro de apartamentos.
 
Na amarelinha, perde a vez quem pisar nas linhas do jogo; pisar na casa onde está a pedrinha; não acertar a pedrinha na casa onde ela deve cair; e não conseguir (ou esquecer) de pegar a pedrinha na volta. Ganha quem pular todas as casas primeiro.

3. Peteca

Herdada de jogos , a peteca é também um esporte, praticado em competições. Mas para brincar, basta um peteca e disposição. Nesta brincadeira, a única regra vigente é fazer valer, na prática, o ditado popular: nunca deixar a peteca cair no chão. Bate-se com a palma da mão de cima para baixo e brinca-se em duplas ou em rodas de três a mais pessoas.

4. Passa-anel

Quem vai jogar forma uma fila, com as mãos esticadas para a frente e semiabertas, em formato de concha. Um dos participantes vai começar e terá um anel – ou um botão e até mesmo uma pequena flor – e vai passar suas mãos fechadas em cada mão em concha dos participantes.
 
Com uma leve abertura das mãos por baixo, quem passa o anel deixará cair o objeto em um dos participantes e escolherá alguém para adivinhar quem está com o anel. Esta é uma brincadeira antiga que aguça o senso de observação. Ganha quem adivinhar onde está o anel e vai saindo quem tenta adivinhar e não consegue. Quando é descoberto com quem está o anel, quem sai foi quem passou o objeto.

5. Pião

O jogo de pião pode ser feito somente para cada um mostrar suas habilidades, ou com disputa. Na disputa, faz-se círculos no chão e o brinquedo deve rodar dentro do círculo. Ganha quem conseguir deixar o pião rodando mais .

6. Cinco Marias

A famosa brincadeira com pedrinhas consiste em reunir cinco pedrinhas – pode também ser com saquinhos de pano feitos com grãos ou areia dentro. Esta brincadeira antiga é jogada com duas ou mais pessoas e o objetivo é passar por diversas fases, sempre com uma pedrinha sendo jogada para o alto. Estas fases são pegar uma pedrinha do chão enquanto a outra é jogada para o alto, ou empurrar a pedrinha do chão para ‘túneis’ formados pelos dedos de uma das mãos. Quem erra passa a vez para o próximo.

7. O Mestre Mandou

Este jogo é ideal para fazer com crianças a partir de quatro anos. Uma das crianças, ou o adulto que participa, é o mestre e vai dar ordens sempre com a frase ‘o mestre mandou’ antes de cada ordem. Quem não conseguir realizar a tarefa leva o chamado ‘bolo’, um tapinha na mão ou tem que ‘pagar uma prenda’ escolhida pelo mestre.

8. Pular Corda

Além de ser uma atividade de entretenimento para as crianças, esta brincadeira gasta bastante energia. O jogo consiste em uma dupla batendo a corda, enquanto outra criança a pula cada vez que a corda passar pelo chão. Para acompanhar, e até dar a cadência do ritmo, existem várias canções para estimular a brincadeira. Uma das mais conhecidas é a que diz:
Um homem bateu em minha porta
E eu abri
Senhoras e senhores: põe a mão no chão
Senhoras e senhores: pule de um pé só
Senhoras e senhores: dê uma rodadinha
E vá pro olho da rua
Ra, re, ri, ro, rua  
Seguindo a , a criança precisa botar a mão no chão, pular em um pé só e depois dar uma rodada antes de sair para entrar um outro a pular, sem que a dupla deixe de bater a corda.

9. Elefantinho Colorido

Será preciso uma bola, bastante espaço e uma quantidade de no mínimo três crianças para que esta brincadeira antiga se torne divertida. A brincadeira começa com as crianças vão falando ‘e-le-fan-ti-nho co-lo-ri-do’ sempre passando a bola a cada sílaba. A última criança a receber a bola fala o nome de uma cor. Todas as crianças correm para tocar um objeto com aquela cor e a última criança que tocar uma cor sai do jogo, até só restar um.

10. Batatinha frita 123

Esta brincadeira antiga tem graça se for feita com, no mínimo, três crianças. Um dos participantes será o líder e ficará de costas para os demais, em uma boa distância. Quem está de costas deverá dizer bem alto ‘batatinha frita um, dois, três’ e virar-se. Os participantes que estavam atrás devem parar imediatamente quando a frase terminar. Quem for ‘pego’ ainda de mexendo quando o líder virar, volta para o começo. Ganha o jogo quem conseguir chegar mais rápido no lugar onde está o líder.
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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