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“Acaba o Paraopeba, e com ele vidas…”

“Acaba o Paraopeba, e com ele vidas que nada valem. Mais vale a Vale!”

“Sim, podemos também escolher uma morte de súbito pela derrama dos minérios, sem anúncio, com ameaças públicas, feito bravata. Não haverá tempo para escapar. Nada de poder seguir para outro abrigo, outro lugar de exílio, pois de súbito cai a lama tóxica, podre de rica, com um valor admirável agreado da mineração. Nosso ouro virou veneno. “A Terra virou uma ferida,” disse, há tempo, o poeta.”       

Ailton Krenak

Uma vida, quanto vale?

Se for de gente, de bicho, de rio

nada vale.

Mais vale a Vale!

Que paga Imposto

Que enche o bolso

De quem não é  povo.

 

Acabou-se o Doce.

Deixou na boca

o amargo gosto

da impunidade.

 

Acaba o Paraopeba

E com ele vidas

Que nada valem.

Mais vale a Vale!

 

E o Velho Chico tranquilo

Lá pras bandas da Bahia

recebe tal mortandade.

 

Chora Minas!

Chora lágrimas cristalinas.

Chora Doce.

Chora Sangue.

Enquanto a lama vai matando

as águas puras que nascem

em suas entranhas.

 

Mais vale a Vale!

Brumadinho Pleno.News

ANOTE:

Este poema está sendo amplamente distribuído nos grupos de zap. Uma das fontes informa que é de autoria de Del Lobato. Não nos foi possível verificar a autenticidade da informação. Entretanto, por seu valor de denúncia nós o reproduzimos aqui, como reforço a este alerta de que vidas humanas valem, ou pelo menos deveriam valer, muito mais dos que os crimes impunes da Vale.  Ontem foi Mariana, hoje, Brumadinho. O que mais está por chegar?

Sobre o Paraopeba: O Rio Paraopeba é um dos principais afluentes do Rio São Francisco. 100% mineiro, o Paraopeba nasce no município de Cristiano Otoni e sua foz está na represa de Três Marias, no município de Felixlândia. Sua extensão do rio é de 510 km e sua bacia cobre 13 643 km² , incluindo o município de Brumadinho, local da tragédia do rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, da Vale, no último dia 25 de janeiro.

Fotos internas: Pleno News + Guia Pescador (Rio Paraopeba, antes do rompimento da barragem).


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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