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Caatinga: Paraíba perdeu 280 mil hectares do bioma em 30 anos

Caatinga: Paraíba perdeu 280 mil hectares do bioma em 30 anos

: Paraíba perdeu 280 mil hectares do bioma em 30 anos

45 municípios da Paraíba são áreas suscetíveis à ; Caturité e S. José da Lagoa Tapada recebem alerta..

Via Brasil de Fato

Em três décadas, as mudanças na cobertura do solo na área da Caatinga acendem o alerta para o risco de desertificação da região da Paraíba. Entre 1985 e 2020, 3% de toda a vegetação nativa da caatinga foi perdida, cerca de 300 mil hectares.

Desse montante, – a maior parte deles – 280 mil hectares foram perdidos em áreas suscetíveis à desertificação (ASD), envolvendo 45 municípios paraibanos. Esse diagnóstico foi apresentado pelo  nesta terça (5), a partir de análises de imagens de satélites feitas das últimas três décadas.

Outros fatores também contribuem para esse cenário de desertificação como a perda da superfície de água na Caatinga, que ficou mais nos últimos 36 anos.

A Caatinga também registrou uma queda de 8,27% na superfície de água e redução de 40% da água natural – que é referente a cursos de água, sendo que a maior parte está retida em hidrelétricas e reservatórios, 42,69% e 29,61%, respectivamente. Em 2017, foi registrada a menor extensão de água, 629.483 hectares, em comparação com a média da superfície de água existente na Caatinga entre 1985 e 2020, de 922 mil hectares. Houve ainda perda de 10% de áreas naturais.

Tudo isso associado à diminuição das áreas de cobertura vegetal natural, cerca de 15 milhões de hectares, o que representa retração de 26,36% da vegetação. Dos 10 municípios que mais perderam vegetação natural na Caatinga entre 1985 e 2020, oito ficam na Bahia.

Por outro lado, cresceu em 11,26 milhões de hectares, a área de exploração da agropecuária, que passou a responder por 35,2% da área da Caatinga em 2020. O total de vegetação nativa da Caatinga (ou seja, a soma das áreas ocupadas por savana, campo e floresta) ocupava 63% do bioma, respondendo por 9,8% da vegetação nativa do .

Segundo a pesquisa, 112 municípios do país com situação considerada “grave” ou “muito grave”. 

“Estamos falando de um único bioma exclusivamente brasileiro e que contém uma muito grande e pouco conhecida, então, o que a gente tem é o temor de ocorrer uma exploração descontrolada, não possibilitando a devida proteção de reservas e de manter a integridade do bioma”,  declarou o Prof. Washington Rocha, da UEFS e do Mapbiomas. 

Desertificação na Paraíba

O município de Caturité (PB) apresenta perda da vegetação natural de 40%, associada à diminuição da superfície de água em 51,8% e uma média de 26 hectares de área queimada por ano entre 1985 e 2020.

O município de São José da Lagoa Tapada (PB) apresenta perda da vegetação natural de 16% e diminuição da superfície de água em 28%, com uma média de 411 hectares de área queimada por ano entre 1985 e 2020.

“Acende-se, com tudo isso, um sinal amarelo. É preciso uma atenção maior dos órgãos de gestão ambiental, das organizações não governamentais e de todos os setores da sociedade que estão atentos a essas ameaças”, finaliza o coordenador da equipe de Caatinga do MapBiomas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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