Call4Nature: Quando nós destruímos a natureza, nós destruímos recursos essenciais dos quais todos nós dependemos

Call4Nature: Quando nós destruímos a natureza, nós destruímos recursos essenciais dos quais todos nós dependemos

“Caros líderes globais,

natureza nos fornece a comida que comemos, o ar que respiramos e a água que bebemos. Nós dependemos dela para cultivar nossas ções, para produzir nossos remédios, para nos abrigar e nos vestir. Quando nós destruímos a natureza, nós destruímos recursos essenciais dos quais todos nós dependemos…”

Por: Suzana Camargo, Conexão envolverde

O trecho acima é a abertura da  Call4Nature (Chamado pela Natureza, na tradução para o português),que cerca de 600 renomados cientistas, ambientalistas, ativistas e celebridades escreveram em resposta à publicação do relatório divulgado ontem (06/05), pelo Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES)que entre outras coisas, alerta que um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção.

Entre os nomes que assinam a carta pública estão Jane Goodall, maior especialista mundial em chimpanzés, o naturalista Chris Packham, a ex-presidente do WWF Internacional, Yolanda Kakabadse e diversos brasileiros, dentre eles, o cientista Carlos Nobre e o empresário Guilherme Leal, co-fundador e membro do conselho da Natura.

Os signatários da Call4Nature falam sobre a grande onda de  em massa pela qual o planeta passa.

“O relatório do IPBES revelou o atual da vida na . Ele mostra um quadro alarmante das extinções de espécies, declínio da população selvagem, perda de habitat e serviços ecossistêmicos – aumentando ainda mais as já existentes evidências de que estamos destruindo a natureza em um ritmo dramático e insustentável.

O relatório também deixa clara a causa dessa destruição: nós. Estamos derrubando nossas , praticando a sobrepesca em nossos mares, poluindo nossos rios, degradando nossos solos e mudando nosso clima. Isso representa uma ameaça urgente a toda a vida na Terra – incluindo a nós mesmos”.

Apesar da ameaça iminente, o texto da carta ressalta de que ainda há tempo para mudar o rumo da história – do planeta e da humanidade.

“Ainda há tempo para proteger o que resta e começar a restaurar a natureza. Mas para fazer isso, devemos mudar radicalmente a maneira como vivemos, incluindo como usamos energia para alimentar nossas sociedades, cultivamos nossos e gerenciamos nossos resíduos. Este é um desafio imenso, mas muitas das soluções já estão nas nossas mãos.

Cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa mudança. Mas nós precisamos de vocês, nossos líderes políticos, para liderar – e nos colocar em um caminho para um futuro onde pessoas e natureza prosperem.

No próximo ano, há uma oportunidade imperdível de escolher uma nova direção para as pessoas e o planeta. Decisões globais importantes serão tomadas sobre biodiversidade, mudanças climáticas e desenvolvimento em uma série de reuniões da ONU, em 2020. Juntas, elas formarão um plano de ação para a mudança, um verdadeiro New Deal para a natureza e as pessoas.

Mas para que isso aconteça, precisamos da ação decisiva e ambiciosa de vocês. Por isso hoje:

Pedimos que vocês parem de financiar atividades que destruam a natureza.

Pedimos que vocês acabem com o desmatamento e a degradação da terra.

Pedimos que vocês protejam nossos oceanos e a vida marinha, especialmente contra o  plástico.

Pedimos que vocês incentivem a transição para práticas agrícolas sustentáveis.

Pedimos que vocês implementem o para deter as mudanças climáticas.

O futuro de toda a vida na Terra depende desse equilíbrio. Nós suplicamos que vocês ajam agora”.

*Com informações do WWF-Reino Unido

Foto: domínio público/pixabay

suzana camargo conex%C3%A3o planetaSuzana Camargo – Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
 
 
 
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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