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Camellia sinensis, Camellia japonica, Camélia Òdòdó

Camellia sinensis, Camellia japonica, Camélia Òdòdó

 Camélia Òdòdó é o nome que escolhi para o meu novo restaurante em São Paulo. [Esse nome] tem um grande significado para mim. 

Por Bela Gil

Sempre fui fã de chá verde, devido à influência de meu pai e minha mãe, que sempre tomavam uma xícara desse chá depois do jantar. O nome científico da planta do chá verde é Camellia sinensis, que descobri há muitos anos ser a única planta denominada chá, o resto são infusões (camomila, erva-doce, capim-limão etc.). 

Uns anos atrás, meu pai [Gilberto Gil] e Caetano [Veloso] fizeram uma música chamada “As Camélias do Quilombo do Leblon”, e logo depois fui a uma apresentação de escola da minha filha onde existia um mural de camélias descrevendo o significado dessa flor durante o período da Abolição.

A flor da Camellia japonica servia como uma espécie de código de identificação entre os abolicionistas, e seu maior cultivo no Brasil era no Quilombo do Alto Leblon, no Rio de Janeiro, idealizado por José de Seixas Magalhães. 

Quem usava uma camélia na lapela, ou plantava no seu jardim, era um abolicionista confesso. Por isso o nome Òdòdó, que significa flor, na língua iorubá… E seguimos para a segunda abolição…” 

bela gil fala sobre nao monogamiaBela Gil – Culinarista e apresentadora de televisão brasileira. Texto postado no Instagram (@belagil) no início deste mês de agosto de 2023.

 
 
 
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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