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Campanha Mãos Solidárias do MST recebe prêmio Pacto Contra a Fome da ONU

Campanha Mãos Solidárias do MST recebe prêmio Pacto Contra a Fome da ONU

Projeto iniciado ainda durante a pandemia, entregou mais de 1,6 milhão de marmitas nos últimos três anos em Pernambuco.

Por Redação/ Movimento Sem Terra

Nesta quinta-feira (26), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) recebeu o prêmio Pacto Contra Fome, entregue pelas Nações Unidas (ONU) por conta da iniciativa Mãos Solidárias, campanha de doação de alimentos criada durante a pandemia, em Recife (PE).

A premiação é organizada por duas agências da ONU: para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e para Alimentação e Agricultura (FAO). E a cerimônia foi realizada em São Paulo (SP), com o prêmio entregue a Paulo Mansan, um dos idealizadores da ação e membro da coordenação nacional do MST, ao lado de Fabíola Amaro, integrante do MST e da coordenação do projeto.

As ações chegaram a beneficiar famílias vulneráveis nas cidades Recife, Olinda, Caruaru, Garanhuns, Vitória de Santo Antão, Petrolina, entre outras. Onde apenas na região Metropolitana do Recife, o Mãos Solidárias entregou cerca de 1,6 milhão de marmitas nos últimos três anos.

As ações se iniciaram logo na primeira semana que se instalaram as medidas restritivas de circulação por conta da pandemia da Covid-19, atendendo a princípio as famílias em situação de rua. Aos poucos, dezenas de marmitas se tornaram milhares, em um trabalho diário feito por militantes e voluntários.

“No início da pandemia, com o lockdown, aqui em Pernambuco, dentro do Armazém do Campo do Recife, a gente criou algo chamado Marmita Solidária, que nós poderíamos dizer que foi o primórdio de tudo. Nos arriscamos dizer, inclusive, de toda a solidariedade nesse período pandêmico do Brasil, não só do MST, mas de várias outras organizações”, afirmou o dirigente.

Programa Nacional Cozinhas Solidárias

Aos poucos, a iniciativa avançou na criação de cozinhas solidárias, bancos de alimentos, hortas comunitárias, farmácias vivas, entre outras ações no combate à fome e ao coronavírus, onde foram formados mais de 1500 Agentes Populares de Saúde nas comunidades periféricas urbanas e rurais.

Após a pandemia, as atividades da campanha continuaram na estruturação da organização popular no combate à fome e à insegurança alimentar.

Neste ano, a iniciativa das cozinhas do Mãos Solidárias se tornou política pública, a partir da criação do Plano Nacional Cozinhas Solidárias, que foi integrado ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em julho.

Na última semana, durante a celebração dos 20 anos do PAA, houve a liberação de fomento para o Programa das Cozinhas Solidárias, onde foram destinados R$30 milhões para apoiar as experiências em nível nacional.

“A gente recebeu com muita alegria que as Cozinhas Solidárias se tornaram lei, por conta da iniciativa do deputado federal Guilherme Boulos. Nesse processo, fizemos muitas trocas, ajudamos com as cozinhas do MTST também aqui em Pernambuco. Eles têm duas [em Pernambuco], então todo mundo se ajuda. É um grande mutirão de solidariedade e a lei agora do PAA vai potencializar isso”, explica Mansan.

Apesar da liberação da verba, ainda não houve o lançamento oficial do programa. “A expectativa é nós fazermos o lançamento desse programa, agora, no PAA para as Cozinhas, inclusive há um pré-indicativo de fazer nesse início do mês de novembro de 2023”, conta Paulo.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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