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Por uma ministra negra no STF

Campanha pressiona por uma ministra negra no STF

“É fundamental que haja uma mulher negra no STF, uma pessoa negra para que a gente comece a discutir a democratização nos espaços de poder”, afirmou Sílvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, à Carta Capital. Com a saída próxima da ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal, movimentos negro e feminista pressionam por indicação de uma ministra negra para ocupar a cadeira na corte através de campanha nas redes.

Por Planeta Ella/Mídia Ninja

Em 132 anos de existência, pode ser a primeira vez que uma mulher negra vai ocupar um cargo no STF. Ao todo, apenas 3 ministras mulheres e 3 ministros negros estiveram no topo da hierarquia do poder judiciário. Mas, por que é tão essencial a presença e participação de mulheres negras no poder judiciário?

A população negra é maioria no Brasil, representando cerca de 56% dos brasileiros; as mulheres representam 51% da população. Mulheres negras são 28% da população brasileira e ocupam apenas 7% nos cargos políticos e menos ainda no judiciário, 2%, segundo dados do último levantamento do IBGE.

Assim, não há representação fiel da população na política, espaço fundamental de discussões acerca da realidade brasileira. Essa sub-representação é reflexo do racismo estrutural e institucional que impossibilita pessoas negras de chegarem a posições de poder, as mantendo marginalizadas do centro de tomada de decisão. Ter uma mulher negra progressista no STF é um passo fundamental para o avanço nessas transformações, contribuindo para a democratização desses espaços, colocando pela primeira vez mulheres negras como protagonistas das decisões nacionais.

Em artigo para o Poder 360, Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, disse que “a representatividade irradia transformação, teoria, simbologia e prática. (…) Altera a voz de quem fala e a atenção de quem ouve”. Ela anunciou apoio à campanha que conta com diversas instituições e projetos, como Instituto Marielle Franco, Girl Up e Nossas, que anunciaram lista de três nomes de mulheres com ampla experiência na área jurídica possíveis de indicação: Adriana Cruz, Lívia Sant’anna Vaz e Vera Lúcia Araújo.

“Não estamos falando de uma, mas da primeira. Esta, que carregará o peso de abrir a porta tardia, mas que sem dúvidas dará passagem a outras e tornará a Corte mais forte e mais capaz de realizar seus julgamentos decisivos”, finaliza Anielle.

É urgente a maior representatividade, diversidade e presença de mulheres negras em espaços de poder e decisão no país. Apenas com instâncias jurídicas refletindo a realidade brasileira é que haverá de fato uma democracia representativa, com o início da reparação da dívida histórica a partir de mais chances de avanços progressistas firmados na justiça social.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Fellipe Sampaio/ SCO/STF.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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