CANDELÁRIA
A velocidade do emprego
Desempregou Raimundo
Que agora gira mundo
No concreto abstrato da cidade
Terça e quinta nas escadas tem sopa
Tomara que Raimundo
Gira mundo
Não passe por lá na segunda
É muito arriscado na sexta
Na quarta tem penitencia
Sábado, lavagem
Domingo é a missa
A sopa pode ser
O alimento da semana
Pra Raimundo
Girar o mundo
É a contrapartida
A filantropia
Salvando Raimundos
Que giram o mundo
Raimundo
Gira mundo
Só não pode esquecer
Terça e quinta na candelária…
ANOTE AÍ:
O poema Candelária é de Geri Nogueira, escritor e poeta do Distrito Federal.
A Igreja de Nossa Senhora da Candelária é um templo católico localizado no Centro do Rio de Janeiro, Brasil.
A igreja teve seu nome associado a dois eventos marcantes da segunda metade do século XX : o Comício da Candelária no movimento das Diretas Já, em 1984, e a Chacina da Candelária, um massacre de moradores de rua, ocorrido nas proximidades da igreja na madrugada de 23 de julho de 1993, que teve repercussão internacional. Já no século XXI, a Igreja fica marcada por receber uma das duas piras olímpicas da Rio 2016.
Foto: odia.ig.com.br
COMÍCIO DA CANDELÁRIA
O Comício da Candelária foi uma manifestação política ocorrida em 10 de abril de 1984 na cidade do Rio de Janeiro, em frente à Candelária. A manifestação, parte do movimento das Diretas Já, reuniu 1 milhão de pessoas e é considerada a maior manifestação política da História do Brasil.
O comício começou a ser preparado treze dias antes da data escolhida. Foram impressos dez milhões de panfletos, 200 mil cartazes e foram utilizados setecentos outdoors para a divulgação da manifestação. Uma conta para arrecadação de fundos foi aberta no Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ). O Comício durou mais de seis horas e foi transmitido pelas emissoras de televisão, inclusive a TV Globo. No encerramento, a cantora Fafá de Belém foi seguida pela massa presente ao cantar o Hino Nacional Brasileiro. Duas semanas depois do comício, em 25 de abril de 1984, a Emenda Dante de Oliveira, que propunha as Diretas Já, foi derrotada no Congresso Nacional, que manteve eleições indiretas para o ano de 1985. Foi eleito Tancredo Neves, que faleceu antes da posse, sendo substituído por seu vice, José Sarney.
Foto: brasileconomico.ig.com.br
CHACINA DA CANDELÁRIA
A Chacina da Candelária ocorreu na noite de 23 de julho de 1993 quando, pouco antes da meia-noite, dois carros chevettes com placas cobertas pararam em frente à Igreja da Candelária e seus ocupantes atiraram contra dezenas de pessoas, a maioria crianças e adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades da Igreja.
Posteriormente, nas investigações, descobriu-se que os autores dos disparos eram policiais. Como resultado, seis menores e dois maiores morreram e várias crianças e adolescentes ficaram feridos. Um dos sobreviventes da chacina, Sandro Barbosa do Nascimento, voltou aos noticiários quase sete anos depois, como o autor do Sequestro do Ônibus 174.
Os nomes dos oito mortos no episódio encontram-se inscritos em uma cruz de madeira, erguida no jardim de frente da Igreja:[
- Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
- Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
- Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
- Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
- “Gambazinho”, 17 anos
- Leandro Santos da Conceição, 17 anos
- Paulo José da Silva, 18 anos
- Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
No decorrer do processo, foram indiciadas sete pessoas no total: o ex-Policial Militar Marcus Vinícius Emmanuel Borges, os Policiais Militares Cláudio dos Santos e Marcelo Cortes, o serralheiro Jurandir Gomes França, Nelson Oliveira dos Santos, Marco Aurélio Dias de Alcântara e Arlindo Afonso Lisboa Júnior.
Cláudio, Marcelo e Jurandir foram inocentados no processo.
Arlindo ainda não foi julgado pela chacina, tendo sido condenado a dois anos por ter em seu poder uma das armas do crime.
Os outros três, que já foram condenados, permanecem em liberdade, beneficiadas por indulto ou liberdade condicional:
- Marcus Vinicius Emmanuel Borges, ex-Policial Militar – foi condenado a 309 anos de prisão em primeira instância. Recorreu a sentença e, num segundo julgamento, foi condenado a 89 anos. Insatisfeito com o resultado, o Ministério Público pediu um novo julgamento e, em fevereiro de 2003, Emmanuel foi condenado a 300 anos mas permanece em liberdade.
- Nelson Oliveira dos Santos – foi condenado a 243 anos de prisão pelas mortes da chacina e a 18 anos por tentativa de assassinato de Santos. Recorreu a sentença, sendo absolvido pelas mortes em um segundo julgamento, mesmo após ter confessado o crime. O Ministério Público recorreu e, no ano de 2000, Nelson foi condenando a 27 anos de prisão pelas mortes e foi mantida a condenação por tentativa de assassinato, somando uma pena de 45 anos. Nelson Oliveira dos Santos também já está solto. Atualmente ele está em liberdade condicional por outros crimes, segundo o Tribunal de Justiça do Rio.[1]
- Marco Aurélio Dias de Alcântara – foi condenado a 204 anos de prisão e também foi liberado da prisão.
Envolvidos na chacina que não foram condenados:
- Arlindo Afonso Lisboa Júnior – condenado a dois anos por ter em seu poder uma das armas usadas no crime.
- Carlos Jorge Liaffa – não foi indiciado, mesmo tendo sido reconhecido por um sobrevivente e a perícia ter comprovado que uma das cápsulas que atingiu uma das vítimas foi disparada pela arma de seu padrasto.
Há em frente à igreja um pequeno monumento que relembra à chacina. Ele é constituído por uma cruz de madeira, que tem inscrito os nomes dos jovens assassinados, e uma placa de concreto. Esta mesma sofreu aparentemente ações de vandalismo, pois está bastante danificada, desmembrada do seu suporte e com sua epígrafe ilegível.
Fonte: Wikepedia.