Carne e pele do manejo sustentável

Carne e pele do manejo sustentável de jacaré ganham espaço no mercado

Carne e pele do manejo sustentável de jacaré ganham espaço no mercado

Manejo sustentável do animal na reserva de Lago do Cuniã (RO) gera renda para os moradores – 

A Reserva do Lago do Cuniã (Resex Cuniã) é uma região rica em igarapés e lagos, com grande da fauna silvestre amazônica. Situada às margens do Rio Madeira no município de Porto Velho (RO), duas espécies de crocodilos se destacam na paisagem: o jacaretinga (Caiman crocodilus) e o jacaré-açu (Melanosuchus niger).

No início dos anos 2000, a população de jacarés cresceu desordenadamente, pois não havia incidência de predadores naturais, além da abundância de alimentos como e pequenos . Esse aumento proporcionou grande impacto ambiental e às atividades pesqueiras, além de ocorrências de ataques a seres humanos, principalmente .

Para equilibrar a população de jacarés, foi permitido o abate controlado a partir de 2011 por meio de ações de manejo sustentável do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBio. No mesmo o ano, foi criada a Cooperativa de Pescadores, Aquicultores, Agricultores e Extrativistas da Resex do Lago do Cuniã – ( Coopcuniã), que hoje representa comercialmente toda a produção da Reserva.

O de monitoramento e pesquisa do Instituto organizou a cadeia produtiva para venda da carne, que tem textura semelhante ao peito de frango e sabor similar ao do peixe. Ela é rica em proteína e não possui colesterol. Além da carne, também é aproveitado o couro, com alto valor de mercado.

As famílias da região foram capacitadas para o beneficiamento dos produtos e gestão comunitária. O controle populacional é mantido por meio de censos e de técnicas de marcação e recaptura. Após a captura dos animais é realizada a sexagem, onde as fêmeas são soltas e os machos adultos, que já atingiram o tamanho ideal, são abatidos.

No passado, os moradores da reserva viam o jacaré como ameaça à das pessoas e dos animais. O controle da população e o beneficiamento de produtos possibilitaram a geração de renda complementar aos moradores. A carne, por exemplo, é comercializada em diversos tipos de corte, como a isca, costela, ponta de costela, coxa, sobre-coxa, filé do lombo e filé da cauda.

No final de 2017, a Fundação Banco do Brasil investiu R$ 480 mil para adequar o frigorífico na cooperativa de acordo com as normas do Serviço de Inspeção Federal (SIF). A autorização do SIF vai possibilitar que a carne seja comercializada para outros estados e países. Além de fortalecer a relação comercial da pele.

Segundo o engenheiro agrônomo e analista ambiental do ICMBio João da Mata, a cooperativa abate cerca de 700 jacarés por ano, produzindo 3,2 toneladas de carne. No comércio local, o quilo sai por R$ 20 e o couro é vendido por R$ 130 a peça. “Com o recurso da Fundação BB, será possível adequar o frigorífico aos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, com um túnel de congelamento, além de contratar consultorias.”, declarou. O projeto foi selecionado pelo Ecoforte Extrativismo, com apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Econômico e Social (BNDES).

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Carne e pele do manejo sustentável

Foto: Leandro Benarrosh Macedo

Reserva Extrativista

Na Reserva Extrativista do Alto Cuniã, todas as atividades são planejadas de forma integrada, a partir da organização e desenvolvimento de cadeias produtivas. As 92 famílias residentes da região se sustentam por meio de atividade pesqueira artesanal; produção de mandioca; extração de frutos da , como a castanha, açaí e piquiá; além da criação de animais de pequeno porte.

ANOTE AÍ:

Matéria enviada pela  Assessoria de da Fundação BB:

Dalva de Oliveira:   61 – 3108-7381

Fabiana A. Vieira:   61 – 3108-7380

Paula Crepaldi:  61 – 3108-7382

comunicacao@fbb.org.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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