Chico Mendes e a força do Legado Democrático
Por Adair Rocha
Chico Mendes e Marielle Franco dão sequência a Josimo, Canuto, Dorothy e todas as vítimas invisíveis das chacinas, nas favelas e nas periferias.
O dia do aniversário da morte/assassinada de Chico Mendes, é de renovação do compromisso com a democracia, na defesa dos trabalhadores do campo e da cidade. A floresta e sua emanação, na manutenção do bem-comum, custou-lhe a vida, como a de tantos/as.
Pude participar do cultivo dessa plataforma política, na convivência de dois anos, com a direção nacional do PT, e nas suas andanças pelo Rio de Janeiro, especialmente, em constante luta pela preservação da floresta e da vida circulante, de trabalhadores e de povos originários, que daí [da floresta] respiram.
E Marielle, pela proximidade física e política, pude conviver com a força que potencializa nossa memória viva, democrática, ao tempo em que essa mesma potência a destruiu pelo medo que essa liderança emergente também provocava nos setores dominantes.
Como nos lembra Paulo Freire, o mestre também pode e deve ser aluno. Quando ela foi minha aluna na PUC-Rio, muito compartilhamos, tanto na produção social do acesso aos saberes, como na possibilidade de novos acessos à Universidade, provenientes da favela da Maré, especialmente.
Assim, o mistério, o milagre, a graça, e toda a espiritualidade que emana dos terreiros, dos templos, das sinagogas, etc, fazem o cerzimento das contradições, cada vez maiores, que perpassam nosso cotidiano. A desigualdade e a negação da diferença e da pluralidade, afeta, cada vez mais, a população empobrecida.
Esse é o contexto que explica não só o medo que se tem de Lula, mas, sobretudo, dos novos Lulas soltos por ai e que vão sendo reconhecidos, localmente, e no mundo. No caso de Chico Mendes, Marielle e mais uma galera, cortaram logo pela raiz. Se Lula dá tanto trabalho, imagina essa moçada que planta e rega novas flores e frutas nos jardins e nas hortas da Democracia.
No dia de sua morte, Chico Mendes e tudo o que os Franciscos significam, nosso compromisso total com a importância histórica que significa o dia 22 de dezembro.
Adair Rocha – Professor da PUC-Rio e da UERJ. Diretor do Departamento Cultural da UERJ. Escritor. Autor de “Cidade Cerzida”. Apresentador e criador do Roda Multicêntrica, na TV Portal de Favelas.
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