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Circuito do ouro inspira o Planalto Central

O chamado Circuito do Ouro, em , servirá de inspiração à formação de um roteiro de no Cerrado do brasileiro. Vinte operadores dessa região rodaram por Minas no final de outubro, a convite do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae), que coordena o nesta fase.

A viagem durou cinco dias, começando pelo Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte, e pelas de Itabirito e Ouro Preto e foi terminar nos parques do Caraça e da Serra da Piedade. Foi uma ação cuja finalidade era demonstrar como funciona um circuito turístico, envolvendo o poder público e a iniciativa privada.

É uma perspectiva de longo prazo, portanto. Os componentes do grupo devem ter uma visão regional e local, conscientes de que o turista que visita ou se hospeda em seu empreendimento quer desfrutar de mais lugares. E os operadores também valorizam os roteiros que envolvam várias cidades e tipos de atrativos.

Um exemplo bem ajeitado disso o grupo viu como funciona em Itabirito, cidade de 50 mil habitantes, onde as autoridades locais têm o turismo como uma atividade econômica de grande importância. Por isso, destina 5% do orçamento municipal ao setor, embora valorize também outras áreas que são fontes de receita, como mineração, indústria, comércio, agropecuária e os serviços públicos.

Na passagem por lá, o grupo do Planalto Central assistiu a uma longa e proveitosa palestra do secretário municipal de Turismo, Ubiraney e sua assessora Micheline Rodrigues. Mas, no decorrer dos debates, quem deu as caras também foi o prefeito Alexander Salvador de Oliveira, empenhado em demonstrar o valor que ali é dado ao turismo, com discurso empolgado.

Os recursos orçamentários do setor são aplicados em pesquisa, e quadro de pessoal qualificado. E leva em conta que uma cidade, pra agradar ao turista, precisa antes de tudo estar limpa e segura, com bom serviço de , pra eventualidades. Em verdade, em todas as áreas da administração há ações voltadas ao turismo.

Todos, porém, fazem questão de deixar claro que de nada adiantaria a ação da gestão pública não fossem os empreendedores e operadores que fazem isso tudo funcionar. E que, por outro lado, deve-se precaver com governos inoperantes nesse campo.

Uma de incentivo à iniciativa privada é parte importante do sistema. Inclusive na promoção de eventos e festas populares tradicionais ou que sejam criados, como feiras, exposições e convenções em todas as áreas de atividade, do artesanato à indústria e agropecuária.

Em cada localidade daquele circuito há atividades variadas e muito ricas. A História de cada uma, refletida inclusive em prédios públicos, é muito valorizada. Com ela, a formação da cultura local passa a ser algo tratado no cotidiano, como elemento indissociável da realidade atual.

Há uma boa variedade de lanchonetes, restaurantes e lojas comerciais que atendem a população local, mas os proprietários são orientados a tratar visitantes como amigos, com muita alegria e presteza.

NO CERRADO

O projeto desenvolvido pelo Sebrae, em parceria com a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), na região do Distrito Federal e cidades do Entorno visa à formação de um circuito turístico que tenha o Cerrado como fator de unificação.  Não apenas como bioma, mas como o elemento básico da formação econômica e cultural do Planalto Central.

O grupo de 20 empreendimentos que faz parte do projeto foi selecionado pelo Sebrae num processo meticuloso e prolongado, que incluiu visitas técnicas a cada um deles, com reuniões preparatórias e relatórios detalhados. Eles são múltiplos no formato, mas é essa diversidade que, segundo o Sebrae, assegura sua unicidade.

Eu mesmo fui escolhido por ser proprietário de uma reserva particular do patrimônio natural (RPPN) no município de Cristalina, Goiás. Há, no entanto, hotéis, restaurantes, casas de campo e centros históricos de vários outros municípios goianos e do DF, todos com potencial turístico.

Desses pontos, pode-se destacar a Fazendinha JK, de Luziânia, e o Quilombo do Mesquita, no município de Cidade Ocidental. O primeiro é a fazenda que foi de propriedade do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que está prestes a receber o título de Patrimônio Histórico Nacional. Já o quilombo é uma secular comunidade de negros escravos foragidos, conhecida pelo cultivo de marmelos e a fabricação de marmeladas.

Outros pontos estão situados em áreas de interesse histórico, como a Estrada Real, que já no século XVII ligava a região central do Brasil a Salvador, Bahia, então capital do país. Ou ao Roteiro Cruls, caminho percorrido pela Missão Cruls, desde o Rio de Janeiro, pra demarcar, nos anos de 1892 e 1893, a área onde mais de meio século depois foi construída Brasília.

Embora tenha uma identidade própria, esse novo circuito turístico ainda não tem um nome definitivo. Os mais prováveis, pelo andar dos debates, são “Circuito do Cerrado” ou “Circuito do Planalto Central”. A preocupação maior é a de que ele seja um instrumento de desenvolvimento do turismo na região sem que seja associado à capital do país, sede dos Três Poderes da República.

Há, na região, um Brasil bem brasileiro, ocupado há séculos por gente comum, mas que é ofuscado pelas luzes do poder. O nome “Goiás”, por exemplo, foi herdado de uma etnia indígena que habitava o centro do país quando da sua ocupação. Em verdade, a toponímia em geral, os nomes de rios e de acidentes geográficos provêm dos antigos moradores.

A culinária típica, do arroz com pequi, do empadão ou dos ensopados de guariroba e camargo, as festas populares com folias, danças e cavalgadas, as bibliotecas, tudo é cultura regional. São elementos que têm uma identidade própria, que agora será ainda mais valorizada.

É unanimidade entre os participantes da excursão a Minas Gerais que a viagem serviu principalmente pra aprofundar o relacionamento do próprio grupo. A partir de agora, uma agenda de atividades irá apressar a formação do circuito, aglutinando forças nas três esferas da República, a começar pelos municípios da região.

Fonte: https://festasnobrasil.catracalivre.com.br/as-festas/nordeste/serenata-de-olinda-arte-de-celebrar-na-cidade-historica/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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