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Criminosos armados invadem base do ICMBio em Rondônia, expulsam servidores e iniciam incêndio

Criminosos armados invadem base do ICMBio em Rondônia, expulsam servidores e iniciam incêndio

Ataque à base da Rebio Guaporé foi na madrugada de segunda (22), e as chamas foram rapidamente controladas; PF investiga, e funcionários acreditam se tratar de retaliação.

Por Gabriel Tussini/O Eco

Uma base do ICMBio na Reserva Biológica (Rebio) do Guaporé, em Rondônia, foi parcialmente incendiada por criminosos na madrugada desta segunda (22). Três homens armados expulsaram os servidores que estavam de plantão no local, no limite da unidade próximo ao distrito de Porto Murtinho, em São Francisco do Guaporé (RO), jogaram diesel por toda a base e iniciaram um incêndio, fugindo em seguida. As chamas foram rapidamente apagadas pelos próprios servidores, que retornaram. Ninguém se feriu e, até o momento, ninguém foi preso. A Polícia Federal investiga o caso.

Segundo uma das servidoras da área, que preferiu não ser identificada, o incêndio foi controlado antes que se espalhasse para além de uma pequena parte da varanda da base. Segundo o portal local Rota Comando, primeiro a noticiar o caso, os criminosos fugiram numa embarcação a remo “no sentido rio abaixo”. A base fica em frente ao rio São Miguel, que no sentido mencionado desemboca no rio Guaporé, marco da fronteira entre Brasil e Bolívia. Segundo a servidora, não há registros do ataque em câmeras de segurança.

As equipes do ICMBio vinham coibindo crimes ambientais na reserva, alvo constante de pecuária, caça e pesca ilegais, segundo artigo publicado em 2020. Operações contra as atividades vinham ocorrendo, inclusive com flagrantes de indivíduos armados. Segundo a gestora contatada pela reportagem, os servidores acreditam que o ataque possa ter sido uma retaliação por suas atividades, mas por enquanto não há “nada confirmado”. Segundo ela, o local segue em funcionamento, e a Polícia Militar foi mobilizada para garantir a segurança dos funcionários e do patrimônio “em permanência continuada nas bases do ICMBio na região”.

Sobre a reserva

Rebio Guaporé fica próxima a outras unidades de conservação, como a Reserva Extrativista do Rio do Cautário – administrada em conjunto por meio do Núcleo de Gestão Integrada Cautário-Guaporé – e a Terra Indigena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, além de fazer divisa com a TI Massaco (sobreposta à maior parte da Rebio), a TI Rio Branco e a Reserva Extrativista Pedras Negras, essa administrada pelo estado de Rondônia.

A região é parte de um ecossistema de transição entre o Cerrado e a Amazônia. Os afluentes do rio Guaporé na região, como o São Miguel, são rios de planície que, na época de cheia, alagam os campos. Essa característica, segundo o artigo já mencionado, faz com que a área tenha também características semelhantes ao “pantanal mato-grossense, apresentando espécies características desses três ecossistemas, o que garante à REBIO características de flora e fauna de grande biodiversidade e relevância para a conservação da natureza”.

Tudo isso faz com que a reserva seja “a Unidade de Conservação com maior diversidade de paisagens de todo o Estado de Rondônia”, segundo o WikiParques. A Rebio Guaporé é classificada como uma Área Úmida de Importância Internacional (Sítio Ramsar), como de “Extrema Importância” para conservação de aves pelo Programa Nacional de Diversidade Biológica (PRONABIO), assim como uma Área Importante para Conservação de Aves pela ONG BirdLife International.

Gabriel TussiniEstudante de Jornalismo (UFRJ). Fonte: O Eco. Foto de capa: frame de vídeo do Canal Laboratório de Sementes no YouTube.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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