Cuscuz: o pão do sertanejo
O milho, depois do feijão, é um dos alimentos básicos do sertanejo. Come-se verde, cozido ou assado na brasa, em forma de canjica (curau), pamonha, bolos, cuscuz
Por Rachel de Queiroz
Bota-se de véspera o milho seco na água fervendo (para um cuscuz pequeno, usa-se um litro de milho verde seco). Na manhã seguinte, ele deve ser moído e passado pela peneira de tela, acrescenta-se o sal e leva-se à cuscuzeira, que já tem água no fundo, e deixa-se cozinhar no vapor até a massa ficar bem cozida. Sente-se isso pelo cheiro do milho cozido.
Pode-se comê-lo puro, com manteiga ou regado com leite, o que é mais comum. Há quem o prepare também de outras maneiras: quando pronto, esfarela-se o cuscuz, misturando-o com o feijão já cozido, um pouquinho de caldo, torresmos e cheiro verde. Essa mistura pode acompanhar carne, galinha ou peixe. Usa-se também fazer a farofa de cuscuz.
O cuscuz é o pão do sertanejo.
ANOTE:
– O cuscuz é o prato mais consumido no nordeste brasileiro.
– O cuscuz é mais consumido no café da manhã e no jantar, em geral acompanhado de queijo de coalho e café.
– A receita acima é uma preciosidade da escritora nordestina Rachel de Queiroz, publicada em seu livro “O Não me Deixes“.
BIOGRAFIA DA RACHEL DE QUEIROZ
Pela Academia Brasileira de Letras, da qual foi a quinta ocupante da Cadeira 5, eleita em 4 de agosto de 1977, na sucessão de Candido Motta Filho e recebida pelo Acadêmico Adonias Filho em 4 de novembro de 1977:
Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza (CE), em 17 de novembro de 1910, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003. Filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descende, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar, parente portanto do autor ilustre de O Guarani, e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas no Quixadá e Beberibe.
Em 1917, veio para o Rio de Janeiro, em companhia dos pais que procuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca de 1915, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de O quinze, seu livro de estréia. No Rio, a família Queiroz pouco se demorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois anos. Em 1919, regressou a Fortaleza e, em 1921, matriculou-se no Colégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se em 1925, aos 15 anos de idade.
Estreou em 1927, com o pseudônimo de Rita de Queiroz, publicando trabalho no jornal O Ceará, de que se tornou redatora efetiva. Em fins de 1930, publicou o romance O quinze, que teve inesperada e funda repercussão no Rio de em São Paulo. Com vinte anos apenas, projetava-se na vida literária do país, agitando a bandeira do romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca. (…).
Cronista emérita, publicou mais de duas mil crônicas, cuja seleta propiciou a edição dos seguintes livros: A donzela e a moura torta; 100 Crônicas escolhidas; O brasileiro perplexo e O caçador de tatu. (…) Tem duas peças de teatro, Lampião, escrita em 1953, e A Beata Maria do Egito, de 1958, laureada com o prêmio de teatro do Instituto Nacional do Livro, além de O padrezinho santo, peça que escreveu para a televisão. (…)
Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra em 1980; o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, em 1981; (…) a Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais (1989); O Prêmio Luís de Camões (1993); o Prêmio Moinho Santista, na categoria de romance (1996); o Diploma de Honra ao Mérito do Rotary Clube do Rio de Janeiro (1996); o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2000).
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