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Davi Kopenawa: “Estou sendo ameaçado de morte”

, em denúncia urgente e crítica: “Estou sendo ameaçado de morte”

“Estou sendo ameaçado de morte,” diz líder indígena Davi Kopenawa em RR. Associação indígena protocolou documentos no MPF, PF e Funai. ‘Também vou procurar ajuda na ONU’, afirma líder Yanomami.

Emily Costa Do G1 RR
 
O líder indígena Davi Kopenawa está sendo ameaçado de morte, conforme um relatório da Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgado nesta segunda-feira (28), em Boa Vista. Segundo o documento, as ameaças são feitas por garimpeiros e fazendeiros e seriam represálias às operações policiais realizadas na Indígena Yanomami. Após a publicação do relatório na página da Hutukara, Kopenawa protocolou documentos no Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e .

Ao G1, o líder Yanomami relatou que as ameaças de morte estão acontecendo desde maio deste ano e que tem sido procurado por pessoas interessadas em saber o paradeiro dele. “Elas ficam ‘rondando’ a sede da Hutukara e perguntando por mim. Querem que eu me cale, que pare de denunciar invasões nas terras , mas não farei isso. Pedi auxílio às autoridades brasileiras e solicitarei apoio no exterior. Também vou procurar ajuda da ONU [Organização das Nações Unidas]”, disse Kopenawa.

Ameaças
Nas intimidações apontadas por Kopenawa, há o relato de um membro da Hutukara que diz ter sido intimidado por garimpeiros no município de São Gabriel da Cachoeira, no .

“Os garimpeiros mandaram avisar que muitas pessoas tiveram prejuízo com as operações na Terra Indígena e que por isso eu não chegaria vivo até o fim deste ano”, narrou Kopenawa.

Outra denúncia destacada pela liderança indígena é a de uma invasão à sede do Instituto Socioambiental (ISA), que fica ao lado do prédio da Hutukara, no Centro de Boa Vista. Na ocasião, homens armados roubaram computadores, GPS e celulares.

“Eu estava me preparando para uma viagem, quando fui informado que os homens estavam atrás de mim. Eles entraram na Hutukara, nos roubaram e perguntaram ‘cadê Davi?’. Uma colega respondeu que eu estava indo para casa. Depois disso, outra colega foi trabalhar e os homens também a abordaram para saber onde eu estava, mas eles não me encontraram”, contou.

O filho do líder índigena e também membro da Hutukara, Dário Kopenawa, informou à reportagem que os documentos protocolados no MPF, na PF e na Funai pedem ajuda e proteção às pessoas ligadas à associação. “Pedimos proteção para que continuemos a denunciar as invasões nas . É nosso direito pedir ajuda. Queremos defender nosso próprio território”, afirmou Dário.

Investigações
Segundo o coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’kuana (FPEYY), João Catalano, o relatório protocolado na Funai será encaminhado para e, como Kopenawa é servidor da Fundação, a instituição deverá acompanhar o caso.

“Davi, com a Funai e a Polícia Federal, tem atuado no combate à presença de garimpeiros e fazendeiros na Terra Indígena Yanomami. Por isso, seguiremos o protocolo de proteção ao servidor e a ideia talvez seja afastá-lo da função. Entretanto, essas decisões só caberão à presidência da Funai”, esclareceu Catalano.

Em nota, a assessoria do MPF em Roraima informou que está articulando com as forças de Segurança Pública medidas para evitar qualquer ameaça ou risco à de lideranças indígenas. O órgão afirmou que, nesta quarta-feira (30), haverá uma reunião para tratar do assunto.

O G1 tentou contato com assessoria de da Polícia Federal em Roraima, mas não obteve êxito.

NOTA: Esta matéria foi publicada pelo G1 na noite desta quinta-feira, 20 de agosto de 2019. É, portanto, atualíssima. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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