Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
Diário de Viagem (com Jaime Sautchuk)

DIÁRIO DE VIAGEM (COM JAIME SAUTCHUK)

Diário de Viagem (com Jaime Sautchuk)

A primeira coisa que li de Jaime Sautchuk foi sua reportagem sobre a . Me impactou, tanto pelo tema, quanto pela escrita. 

Daí em diante, foram muitos anos de amizade, principalmente durante a Constituinte.  Ele era muito amigo do meu ex-marido, Calucho, pai do meu filho, e vivia lá em casa.

Lídice da Mata

Depois, li seu sobre a Albânia. Um livro simples, fácil de ler, quase um Diário de Viagem. Também pude conviver com ele quando veio morar na Bahia, casado com sua segunda esposa, a Adnair, uma querida amiga e militante do PCdoB.

Nos encontramos diversas vezes aqui em Salvador, nas festas de largo, em algumas movimentações políticas, sempre inventando e criando uma coisa nova.

Nessa época, ele já estava pensando, elaborando e realizando o que veio a implantar em – de uma reserva ecológica. Quando ele fundou sua produtora de TV e vídeo, a Câmera 4, fiz vários vídeos com ele.

História do Futebol

Em 2006, quando voltei para o Congresso, como deputada federal, fui presidente da Comissão de Turismo e Esporte e contratei Jaime para trabalhar comigo, na área do esporte, e pude conhecer esse seu outro lado maravilhoso, que era sua profunda paixão pelo .

Ele escreveu um livro, também maravilhoso, sobre a do Futebol.

Uma das grandes características de Jaime, como jornalista, era conseguir escrever sobre questões complexas de maneira muito simples.

Da Guerrilha do Araguaia à História do Futebol, era igual. Fácil de ler, fácil de entender. Isso fazia dele um grande jornalista, talentoso, criativo, comprometido com as causas populares e respeitado por todos.

Foi um grande amigo. Jaime sempre foi um ponto de ligação entre nós. Entre toda uma turma que militou junto, que trabalhou junto, que lutou junto e que teve os mesmos sonhos de e de que

Fotos:  Claudinha – Cláudia Costa Saenger, companheira de Jaime, encantada em 13/07/2023. 

DIÁRIO DE VIAGEM (COM JAIME SAUTCHUK)
Cláudia Saenger

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA