De novo, eis que veio o Tuiuti com um samba-enredo de arrepiar. Com essa composição de Anibal / Cláudio Russo / Jurandir / Moacyr Luz e dona Zezé, a gente não tem como ficar indiferente, não tem como se colocar de fora dessa ducha de Brasil real. Começando pelo Ceará, um criativo “Salvador da Pátria” falou de bodes e bodejadas e, a partir dessa paisagem nordestina, mergulhou fundo nos destinos desse nosso Brasil que vai sendo maltratado, enrolado, fatiado e vendido, “do sertão até o mangue.”
O nome de Lula não foi diretamente mencionado ( a história, em tese, não era dele, era só a de um velho bode retirante que deu certo na cidade grande), mas qualquer olhar atento consegue identificar uma analogia nos versos “Do nada um bode vindo lá do interior/Destino pobre, nordestino sonhador/Vazou da fome, retirante ao Deus dará/Soprou as chamas do dragão do mar”, ou não?
o enredo mostrou, passo-por-passo, que o destino do bode é um pouco o destino de Lula, retirante, vencedor, amado pelo povo e destronado pela elite asquerosa que explora, corrompe, aniquila e mata. Ou seja, existe uma inegável semelhança entre o “Salvador da Pátria” e o bode que é Lula, ou o que Lula representa, a esperança do povo brasileiro.
E esse bode seguiu pela Avenida, dando conta das injustiças da vida “desse povo marcado”, guerreiro e renitente, que é o lindo povo nordestino. Um bode que, assim como Lula, tornou-se símbolo da identidade do povo pobre e oprimido do nosso Brasil brasileiro. Deu certo, Tuitui. Você soltou nas fuças da elite brasileira o grito engasgado na garganta de muitos e muitas de nós.
O meu bode tem cabelo na venta
O Tuiuti me representa
Meu Paraíso escolheu o Ceará
Vou bodejar lá iá lá iá
Vendeu-se o Brasil num palanque da praça
E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça
Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue
E o homem servil verteu lágrimas de sangue
Do nada um bode vindo lá do interior
Destino pobre, nordestino sonhador
Vazou da fome, retirante ao Deus dará
Soprou as chamas do dragão do mar
Passava o dia ruminando poesia
Batendo cascos no calor dos mafuás
Bafo de bode perfumando a boemia
Levou no colo Iracema até o cais
Com luxo não! Chão de capim!
Nasceu muderna Fortaleza pro bichim
Pega na viola, diz um verso pra iô iô
O salvador! O salvador! (da pátria)
Ora meu patrão!
Vida de gado desse povo tão marcado
Não precisa de dotô
Quando clareou o resultado
Tava o bode ali sentado
Aclamado o vencedor
Nem berrar, berrou, sequer assumiu
Isso aqui iô iô é um pouquinho de Brasil
E EIS QUE VEIO O TUIUTI!
Já era madrugada alta quando apareceu na “praça” o coreto do Tuiuti. Logo ali, na Comissão de Frente, um candidato vampiresco abriu a distribuição de dinheiro, na clássico e velho modelo de comprar consciência por votos, pisando nos conceitos mais elementares de cidadania. Mas por um tempo o velho truque funciona, porque o comprador de votos vence, sobe no coreto e toma a faixa do bode.
De fato, não se falou o nome Lula, nem precisou. A fuga da seca, mostrada logo no início do desfile, lembra a própria viagem de dona Lindu, dos sertões de Pernambuco com Lula ainda um moleque rumo a São Paulo. E com que cores, o Tuiuti mostrou essa agrura: o tom vermelho do barro dava a clara sensação do fogo enfrentado pelo bode retirante sob o calor infernal de um sol esturricante. Isso sem contar no flagelo dos “campos de concentração”, marca indelével da ação governamental no tempo da grande seca.
Depois veio a vida na cidade grande, na verde Fortaleza, fresca e bonita, mas ainda assim dominada pelas elites, que insistem em tornar invisível a cutura a e vida dos pobres da cidade. E, pairando em suas paisagens, o bode Ioiô, irônico, temporariamente empoderado pelo voto popular, no seu “Bumba Meu Bode”.
Fortaleza, como todos os espaços dominados pela elite brasileira, um espaço bipolar, prata, caricata e estrangeirista em seu mundo moderno; plena de luz e cores na parte escondida, no mundo da cultura, das artes e das manifestações populares censuradas pela elite urbana. É aí que aparece o “presidente gringo”, de cartola e tudo, tripudiando sobre o pobre do bode e sobre o povo brasileiro.
Mas o Tuitui dá o troco. Coloca na praça, vestidos com seus ternos clássicos, as cobras, os ratos, os porcos, as velhas aves de rapina que hoje dominam a política e entregam o patrimônio do Brasil. E bem que a Globo tentou esconder, mas para lavar a nossa alma lá estava a ridícula ala dos “Coxinhas Ultraconservadores”, outra com policiais vestidos de palhaços, e no carrro final, que até agora ninguém sabe porque teve que ser parcialemente mutilado, impagáveis barbies expondo a real tosquidão do governo atual da pátria brasileira.
Mais que impagável, o compromisso com a Resistência, expressa nos punhos cerrado e na frase que nos une e nos dá o norte das lutas futuras: NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM. Das arquibancadas lotadas, o povo respondeu em uníssono: “LulaLivre”, mostrando que entendeu a mensagem, que compactua com o mensageiro. O velho bode do sertão é, de fato, o único salvador da pátria.
ANOTE:
Fotos – Tuiuti – Divulgação
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