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O futuro do planeta Terra

O FUTURO DO PLANETA TERRA

O futuro do planeta Terra

Para que se possa entender as questões ligadas ao futuro do Planeta Terra é pré-requisito compreender toda dinâmica que envolve a origem do próprio Universo…

Por Leonardo Boff

Segundo os princípios da Filosofia Cósmica, que se fundamenta na Física Quântica, o Universo teria se originado a partir de um ponto que se tornou infinitamente quente e sólido, ocasionando uma grande explosão que deu origem a vários fragmentos que entraram em processo de expansão.

Entretanto, não há consenso entre os Físicos e Astrônomos se quando mencionam este fato estão se referindo ao Universo como um todo, ou apenas a um fragmento deste, denominado Sistema Solar.

Mas essa teoria permite explicar a origem do nosso Sistema Solar, que se refere ao material interestelar, situado num dos braços espirais da Via Láctea. Diz que o material entrou em colapso e foi condensado. O colapso gradual desse material associado à influência da gravidade foi achatado e começou a rodar em sentido anti-horário

O futuro do planeta Terra

A rotação e a concentração do material interestelar continuaram e deram origem ao Sol embrionário. A turbulência dessa nebulosa produziu redemoinhos localizados, onde o gás e as partículas sólidas se aglutinaram. O processo de aglutinação permitiu o acúmulo de massas com partículas de diversas naturezas, chamadas planetesimais, que com o passar dos tempos se transformaram em corpos planetários.

Por volta de 4,6 bilhões de anos, uma grande quantidade de material reunido em um dos redemoinhos turbulentos, que girava em torno do recém-formado Sol, deu origem ao Planeta Terra.

Da mesma forma, tendo ao centro o Sol, nebulosas gasosas se condensaram e deram origem a planetas de vários tamanhos que, juntamente com outros materiais começaram a girar em torno do Sol. Alguns planetas pequenos continuaram a incorporar materiais, que contribuíram para aumentar suas massas. Outros se colidiram e assim por diante. O processo não é tão simples.

No caso da Terra, toda vez que incorporava pequenos planetas e meteoritos, a energia de colisão se convertia em calor, formando um mar de magma. Por isso, uma bola de fogo corresponde a imagem da Terra em seus primórdios. Cada vez que havia impactos, minerais silicatados liberavam para o espaço átomos de Hidrogênio e Oxigênio, que formavam moléculas H2O.

No início essa água se apresentava na forma de vapor, depois houve condensação, mas a água no estado líquido não conseguia chegar até a superfície da Terra, em função do alto nível de calor, que fazia a água evaporar.

Entretanto, com o passar do , houve um resfriamento que permitiu que a água da atmosfera se precipitasse sobre a Terra. Assim o Planeta foi recoberto por um primitivo que circundava numa espessura média de 4 km.

A existência da água em estado líquido na superfície da Terra possibilitou a formação de diversos tipos de rochas, cujos detalhes não cabe especificar neste artigo. Algumas dessas rochas, em função da densidade, emergiram, formando as terras emersas, que depois viraram massas continentais com formas e composições variadas ao longo do tempo.

Portanto, nos seus primórdios, a Terra é comparada a uma bola de fogo, depois se transformou em bola de água. De lá para cá se passaram 4 bilhões e 600 milhões de anos.

É muito difícil fazer previsões. Entretanto, tudo que tem um começo um dia terá fim, pelo menos nos parâmetros que conhecemos. Não temos certeza porém se antes da grande explosão, que deu origem ao Universo conhecido, já existisse algo.

Não sabemos também como os seres humanos evoluirão daqui para a frente, ou se serão extintos, por causas naturais ou por causas antrópicas.

Casos como estes, que envolvem extinções, são corriqueiros na história evolutiva da Terra.

Sabemos que durante os bilhões de anos da sua história evolutiva, o Planeta mudou muito de configuração, já foi Pangeia, Gondwana, Laurásia. Possuía mares onde hoje existem de calcário, etc. Mais recentemente, áreas desérticas se transformaram em ambientes florestados e vice-versa etc, sem que o planeta deixasse de existir.

Sabemos também que os elementos radioativos existentes no interior da Terra, que representam importantes fontes de calor, um dia irão desaparecer ou exaurir-se. Desse modo a energia geotérmica, que movimenta o interior do Planeta, irá extinguir-se, fazendo com que o campo magnético também deixe de existir. Por repetidas erupções vulcânicas, a água existente no interior da Terra será evaporada e decomposta, tornando-se gradualmente mais escassa.

O que se pode afirmar com base nos conhecimentos atuais é que, daqui a 900 milhões de anos, a expansão do Sol poderá provocar o incremento do calor recebido pela Terra. Nesta situação, os oceanos irão evaporar totalmente. O Planeta inteiro será intemperizado e convertido numa estrela sem vida. Passados mais 5 bilhões de anos, o Sol transformar-se-á em uma estrela gigante que engolirá a Terra e todo o Sistema Solar.

Portanto, se algum dia o Planeta Terra se extinguir, será por causas naturais, ou obedecendo a própria lógica da Filosofia Cósmica. O homem com toda sua onipotência, exaltada pelas religiões monoteístas, jamais terá a capacidade de destruir a Terra enquanto planeta.

O que ele pode fazer (e vem fazendo) é alterar ecossistemas e nichos ecológicos, o que modifica as paisagens e leva à extinção da vida no Planeta, inclusive ameaça a própria sobrevivência do Homo-sapiens-sapiens.

A carta da Terra – Um código de ética planetário

A Terra, enquanto parte do Universo, vai existir sempre, com ou sem a presença humana. Os contínuos e constantes ataques da civilização e de suas sociedades à nossa única morada cada vez mais colocam em risco a presença da vida no Planeta Terra.

Resultado de quase uma década de diálogo entre povos e nações, a Carta da Terra foi aprovada na Unesco, em Paris, no dia 14 de março de 2000, como uma espécie de Código de Ética Planetário para, em um chamado à responsabilidade compartilhada, buscar saídas para a sobrevivência humana na Terra.

O documento, escrito por uma Comissão de Notáveis que incluiu Mikhail Gorbachev, Maurice Strong, Steven Rockfeller, Mercedes Sosa, contou também com a contribuição do brasileiro Leonardo Boff. Por uma questão de espaço, neste mês de abril (Dia 22 de Abril, Dia da Terra) publicamos aqui os textos básicos da Carta da Terra. Os Princípios encontram-se disponíveis na internet: www.cartadaterra.org ou www.earthcharter.org.

Preâmbulo

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes e grandes promessas. Para seguir adiante, temos que reconhecer, no meio da uma magnífica de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum.

Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela , nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.

A terra, nosso lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.

A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A situação global

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando.

A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e é causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

Desafios para o futuro

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano é primariamente ser mais, não, ter mais.

Temos o conhecimento e a tecnologia para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O aparecimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.

Responsabilidade universal

Para realizar estas aspirações devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos ao mesmo tempo cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e a global estão ligadas.

Cada um comparte responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e do grande mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo presente da vida, e com humildade, considerando o lugar que ocupa o ser humano na natureza (…).

Como continuar

O futuro do planeta Terra
foto: pexels

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo (…). Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal

Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável a nível local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão.

Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender da continuada busca de verdade e de sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo.

Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de , as empresas, as organizações não governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresa é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra junto com um instrumento legal vinculante com referência ao ambiente e ao desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, por um compromisso firme de alcançar a , pela rápida luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida.


Publicado em: 12 de jun de 2019 às 01:35


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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