compostagem

POR QUE FALAR DE COMPOSTAGEM?

Por que falar de compostagem?

Até 2005 nunca tinha parado para pensar na questão do lixo: achava que estava cumprindo com meu papel de cidadã jogando o lixo no lixo. Foi quando conheci um composteiro (na verdade, uma decomposteira, segundo o autor do projeto, o biólogo Luiz Toledo).

Por Raquel Ribeiro

Ele produzia modelos de concreto, que pareciam grandes vasos ornamentais, e estavam instalados no jardim de um hotel, para que os hóspedes conhecessem o processo bioquímico de transformação de resíduos orgânicos em húmus, um riquíssimo adubo.

Fiquei tão encantada com a compostagem, que dá destino nobre a boa parte dos resíduos domésticos, que comecei a fazer na cobertura do meu apartamento em . Improvisava engradados, cobria quando chovia demais, regava em época de seca; e deu tão certo que, quando decidi mudar de cidade, precisei achar novo lar às minhocas que se reproduziram loucamente nos meus composteiros.

Desde então procuro divulgar aos quatro ventos a boa nova: elaborei um Guia de Compostagem, escrevi uma história para sobre o tema e adoro visitar escolas e empresas para inspirar uma postura consciente em relação ao “lixo”, termo, aliás, que deve ser limado do nosso vocabulário! Se até o lixo espacial paira sobre nossas cabeças, está claro que não dá para jogar o “lixo fora”.  

Fechar a torneira e economizar água é importante. Mas a questão dos resíduos é mais emblemática em termos de ambiental. Segundo o Ministério do , mais de 50% do total de resíduos sólidos urbanos coletados são compostos de matéria orgânica; e menos de 2% desse montante é destinado a compostagem!

Assim, ao resolver a questão dos resíduos, há para os órgãos públicos e considerável redução do impacto ambiental – pois evita a emissão de gases poluentes, de contaminação de aquíferos e do solo. E, o mais importante, ao produzir húmus, estamos fazendo terra. Uma terra rica, repleta de elementos químicos essenciais para o plantio. Nosso solo, degradado pela agroindústria, pede essa terra!  

Ao falar sobre a decomposição natural dos resíduos, o ciclo de nutrientes e a teia alimentar do solo, percebemos que o que parecia morto (como folhas secas e cascas de frutas) ganha vida no processo de compostagem. Esse é um conceito importante: na nada se faz, nada se cria. Tudo se recicla!

Quando entendemos isso, passamos a ver o resíduo orgânico sem nojo. Afinal, até nossos corpos um dia voltam para a terra, viram adubo e servem para alimentar outros seres do reino vegetal e animal. Ao analisar esse movimento natural, entendemos o ciclo da vida e nos sentimos mais conectados ao nosso planeta.

Quer mais um incentivo para começar a fazer compostagem? Há modelos de composteiros/minhocários à venda; e vários passo a passo para quem quiser montar em casa.

Raquel Ribeiro, jornalista, autora de A Fuga das Minhocas, livro para crianças sobre compostagem, e do Guia de Compostagem Caseira.

A FUGA DAS MINHOCAS

Ana Beatriz de Sousa e Sousa, uma minhoca atrevida, incentiva as companheiras a deixar o minhocário e se aventurar pela terra árida da cidade grande. Eis o ponto de partida de A fuga das minhocas, uma história que tem como personagens principais uma turma que entende de lixo.

Ao contrário das estrelas do A fuga das galinhas, nossas minhocas fogem com facilidade, mas levam um susto atrás do outro ao se darem conta da dura, literalmente, realidade do asfalto. O que mais as espanta é um lixão, onde terão uma aula sobre resíduos orgânicos. Na sequencia da história, o guia As operárias da terra mostra como estes resíduos se tornam nutrientes para pequenos e, por tabela, para o solo e para a gente.

A fuga das minhocas e As operárias da terra são textos complementares de uma mesma proposta educativa: motivar o pequeno leitor a criar um vínculo de responsabilidade com os resíduos que produz. Junto às protagonistas – as minhocas – ele vai ver que o bicho homem desperdiça comida. Pois o que não serve mais para ele, como casca de vegetal, é alimento para pequenos seres.

Ao misturar esse resíduo, com plástico, papel, lata e vidro, acaba poluindo a terra, a água e o ar. Mas, se esse material orgânico for colocado em um lugar adequado e contar com o de minhocas e de inúmeros microrganismos, ele se transforma em adubo. Segundo a FAO, 33% dos solos do mundo estão degradados: a compostagem em larga escala ajudaria a repor nutrientes essenciais à saúde do solo.

Autora: Raquel Ribeiro, jornalista especializada em . Em 2006, elaborou o Guia de Compostagem Caseira e, desde então, trabalha na divulgação de informações sobre compostagem. Em 2011, lançou o livro infanto-juvenil A Fuga das Minhocas, reeditado em 2018.

Aninha pelo BrasilFonte:

Compostagem Foto Thinkstock

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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