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É oficial: ano de 2023 foi o mais quente já registrado pela humanidade

É oficial: ano de 2023 foi o mais quente já registrado pela humanidade

Temperatura média global no último ano foi quase 1,5°C mais alta do que era pré-industrial e superou 2016 na posição de ano mais quente já registrado. Veja destaques do relatório.

Por Duda Menegassi/O Eco

O clima esquentou em 2023, literalmente. O que muitos sentiram na pele com ondas de calor que ocorrem em diferentes locais do mundo, inclusive no , os dados do Copernicus divulgados nesta terça-feira (9) acabam de confirmar, com números assustadores. O ano passado foi o mais quente já registrado pela humanidade, com uma temperatura média global de 14,98°C, acima do registrado em 2016 – que detinha o título de ano mais quente até então – e quase 1,5°C acima dos patamares pré-industriais. 

As medições e monitoramento do clima global começaram em 1850. Essa janela entre 1850 e 1900 é conhecida como o “patamar pré-industrial”, pois revela a temperatura média do mundo antes do carvão começar a queimar nas fábricas. Esse marco é usado como referência, por exemplo, no , que estabelece o compromisso de restringir o aumento da temperatura em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, com esforços para que este aumento não ultrapasse os 1,5°C, considerado um limite “seguro” para nossa vida no planeta.

Se alguém ainda questionava a palavra crise ao se tratar da situação climática, a temperatura média de 2023 reforça o alerta. O ano ficou 1,48°C acima dos patamares pré-industriais. E é provável, de acordo com os dados do Copernicus, que até o final de janeiro ou fevereiro de 2024, a humanidade complete 12 meses com uma média já acima dos 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Ou seja, o Acordo de Paris é agora.

No último ano, cada um dos meses de junho até dezembro bateram recordes de calor. E os meses de julho e agosto foram os mais quentes já registrados.

Além disso, o ano de 2023 marca a primeira vez em que todos os dias, de 1º de janeiro a 31 de dezembro, ficaram 1°C acima da era pré-industrial. E quase metade deles ultrapassaram a marca de 1,5°C mais quente do que o patamar 1850-1900. Durante dois dias de novembro a situação foi ainda mais crítica e, pela primeira vez, ultrapassamos os 2°C acima da média pré-industrial. 

Outro recorde angariado por 2023 ocorreu no Ártico, onde o gelo marinho atingiu mínimas históricas de extensão diárias e mensal em fevereiro. Ao todo, durante oito meses do último ano, a extensão de gelo ficou abaixo do normal.

O ano de 2024 pode ser ainda mais quente, alerta o relatório do Copernicus, “com uma probabilidade razoável de que o ano termine com uma temperatura média superior a 1,5°C acima do nível pré-industrial”.

Duda MenegassiJornalista. Fonte: O Eco. Foto: Lalo de Almeida/Folhapress.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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