Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
ECONOMIA SOLIDÁRIA: A MICROSSUSTENTABILIDADE POSSÍVEL

ECONOMIA SOLIDÁRIA: A MICROSSUSTENTABILIDADE POSSÍVEL

Economia Soliária: A microssustentabilidade possível 

A economia solidária é [o modelo] que melhor realiza o conceito de , em direta oposição ao sistema mundialmente imperante. Na verdade, ela sempre existiu na humanidade, pois a solidariedade constitui uma das bases que sustentam as sociedades humanas.

Por Leonardo

Mas já na Primeira Revolução Industrial, na Inglaterra, ela surgiu como reação à superexploração capitalista. Apareceu no final do século XVIII e inícios do século XIX, sob o nome de cooperativismo.

Nesse tipo de economia o centro fulcral é ocupado pelo ser humano e não pelo capital, pelo como ação criadora e não como mercadoria paga pelo salário, pela solidariedade e não pela competição, pela autogestão democrática e não pela centralização de poder dos patrões, pela melhoria da qualidade de vida e do trabalho e não pela maximalização do lucro, pelo local, em primeiro lugar e, em seguida, o global.

A economia solidária se apresenta como alternativa à economia capitalista, mais ainda, como uma economia pós-capitalista porque se inscreve dentro da Era do Ecozoico e não apenas no Tecnozoico; é movida pelos ideais éticos de preservação de todo tipo de vida e de criação das condições para o bem-viver de todos.

Ela pode ser entendida, como o faz um de seus teóricos, Paul Singer, “como um jeito de produzir, vender, comprar, consumir e trocar sem explorar, sem querer vantagens e sem destruir a ”.

Esse modelo se concretiza mediante as cooperativas de produção e consumo, pelos fundos rotativos de crédito, pelas ecovilas, pelo banco de sementes creoulas, pelas redes de loja de comércio justo e solidário, pela criação de incubadoras de novas tecnologias em articulação com as universidades, ou até pela recuperação de empresas falidas e gestionadas pelos próprios trabalhadores.

Esse modelo não é, nem de longe, hegemônico. Mas ele carrega a semente do . A mundial, na medida em que mais e mais sente os limites do e percebe a impossibilidade de levar adiante o atual projeto planetário de molde capitalista e até o risco da da espécie, verá neste modelo holístico de economia solidária que integra o humano, o social, o ético, o espiritual e o ambiental, como uma saída salvadora para a história humana.

Boff247

Leonardo Boff – Ecoteólogo, filósofo e escritor. Escreveu: : concluir a refundação ou prolongar a dependência, Vozes, 2018; Habitar a Terra: qual o caminho para a fraternidade universal? Vozes, 2021.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA