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Em Belo Horizonte, moradores enfrentam enchentes e cobram Nikolas por veto a obras de proteção

Em Belo Horizonte, moradores enfrentam e cobram Nikolas por veto a obras de proteção

O resultado dessas chuvas intensas foi o alagamento de ruas e avenidas, deixando moradores ilhados e resultando em chamados à Defesa Civil.

Por Redação/Mídia Ninja

Na noite de terça-feira (23), a capital mineira enfrentou um verdadeiro caos devido às fortes chuvas que transformaram diversas vias em verdadeiros “rios”. Moradores ficaram ilhados, árvores caíram, carros foram arrastados e alguns bairros ficaram sem energia elétrica. Nas redes, internautas cobraram parlamentares como Nikolas Ferreira (PL), que impediu um empréstimo da prefeitura de Belo Horizonte para mitigação dos impactos das enchentes.

O resultado dessas chuvas intensas foi o alagamento de ruas e avenidas, deixando moradores ilhados e resultando em chamados à Defesa Civil. No bairro Santa Mônica, cerca de 15 residentes ficaram isolados em suas casas, enquanto os foram acionados para lidar com três desabamentos em Belo Horizonte e um desmoronamento em Contagem, na região metropolitana.

O deputado Nikolas Ferreira justificou seu veto afirmando que não entregaria o dinheiro nas mãos de um “irresponsável” como o prefeito Alexandre Kalil (PSD), a quem ele chamou de “Gargamel” e acusou de ser “comunista”. O montante destinado ao orçamento era crucial para reforçar o Programa de Redução de Riscos de Inundações e Melhorias Urbanas na Bacia do Ribeirão Isidoro, beneficiando ocupações populares.

Além disso, o bairro São Bento, na região Centro-Sul, enfrentou um problema adicional com o rompimento da barragem Santa Lúcia, aumentando ainda mais o nível da enchente. Carros foram arrastados e deixados empilhados, enquanto equipes de resgate trabalharam para retirar pessoas em situação de perigo.

Rio de Janeiro e em alerta

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho para partes dos estados da Bahia, de São Paulo e do Rio de Janeiro, por causa da previsão de chuva forte, levando grande perigo a esses locais entre esta terça-feira (23) e quarta-feira (24).

Segundo o Inmet, em São Paulo e no Rio de Janeiro, as áreas afetadas serão o Vale do Paraíba paulista, o sul fluminense, a região metropolitana do Rio de Janeiro e as regiões das baixadas dos dois estados.

Já na Bahia, a previsão é de que o sul, o centro-sul e a região metropolitana de Salvador serão atingidos pelas fortes chuvas.

O alerta vermelho indica alto risco de grandes alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas.

*Com informações da Revista Forum e G1

Fonte: Mídia Ninja. Foto de capa: reprodução/internet.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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