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Emiliano Zapata, o revolucionário

Emiliano Zapata, o Revolucionário

O importante líder da revolta indígena no sul do México foi emboscado e assassinado em 1919…

Por André Nogueira – aventurasnahistoria

Nascido na pequena vila de San Miguel Anenecuilco, no sul do México, Emiliano Zapata Salazar foi uma das figuras mais marcantes e centrais do processo revolucionário pelo qual passou o México em 1910.  Acima de tudo líder da causa indígena, Zapata liderou seus exércitos paramilitares em direção à Cidade de México, e, junto ao exército de Pancho Villa, ocupou a capital numa estranha manifestação de poder popular.

A Revolução de 1910 teve como principal pauta a derrubada do ditador mexicano Porfírio Diaz. Porém, muito mais complexa e com camadas de articulações entre grupos sociais, a primeira revolução nacional do século XX desencadeou um cenário de caos político e jogos de poder com a disputa pela ocupação da presidência da república.

Porfírio será derrubado em 1910 pelas forças liberais articuladas pelo político e fazendeiro Francisco Madero, que toma o poder e inicia um movimento de do México como “ Moderno”, políticas de desenvolvimento da identidade nacional e reabilitação de signos indenitários como o passado asteca e o muralismo.

Madero será responsável por uma proposta de (que só terá nos anos 1930, na presidência de Lázaro Cárdenas) que tem como claro objetivo a introdução do indígena à sociedade republicana, incluindo-os ao circuito econômico capitalista e nacional.

Este é um dos principais motivos de rixa entre Madero e Zapata, pois o líder da revolta indígena articulou seu Ejército Libertador del Sur para a construção de uma reforma agrária pautada nos ejidos (terras comunais) e formas tradicionais e culturais de contato com a . Ou seja, Zapata se opunha a Madero e seu projeto colonizador de quebra com a autonomia econômica e cultural dos mexicanos.
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Com a ascensão de Madero, é implantado um caos na política nacional, em que inicialmente se convoca um armistício com Zapata, mas o revolucionário se nega, alegando que se armados os indígenas já estavam perdendo, imagine então seu exército desarmado.Diversos políticos morreram em confrontos com armas de .Madero articula a perseguição aos exércitos libertadores do zapatismo e o banditismo encabeçado por Pancho Villa no Norte. A perseguição aos zapatistas será uma das principais pautas do exército mexicano no período pós-revolucionário.
Em 1913, Madero é derrubado por um general porfirista chamado Victoriano Huerta, que assume a presidência sob a bandeira de retomar o desenvolvimento nacional em ordem antes da revolução. Com isso, Villa e Zapata se aliam a Venustiano Carranza e derrubam novamente o governo no ano seguinte.
Carranza articula novamente um governo autoritário que empreenderá diversas missões de extermínio do exército zapatista. Zapata manteve sua oposição, mas os anos de batalha fizeram com que o exército estivesse desarticulado e enfraquecido aos pés de 1914. Carranza então oferece uma farta recompensa pela cabeça de Zapata, fazendo do revolucionário alvo numero um do exército e de diversas facções da sociedade.
Mas a morte de Zapata viria ocorrer após alguns anos de resistência. No dia 10 de abril de 1919, o general  Jesús Guajardo, fingindo compactuar com a causa do ELS, convida Zapata para um encontro estratégico em Morelos, estado central da causa indígena (e estado natal de Zapata). Ao encontrar com o general, vindo a cavalo, Zapata leva diversos tiros por todo o corpo e é assassinado em meio ao deserto. Guajardo irá então recolher o corpo do revolucionário e o leva às autoridades para receber a recompensa prometida (mesmo que tenha recebido praticamente metade).
A morte de Emiliano causa a final desarticulação do exército indígena, que será trucidado pelas forças do Estado nos anos seguintes. O legado político do revolucionário será negado pelo Estado Mexicano por anos, e será retomado somente no fim do século XX, com a estruturação do Exército Zapatista de Libertação Nacional.
Fonte: Aventuras na História


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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