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Encantou-se a jornalista Suelene Gusmão, querida companheira!

Encantou-se  a jornalista Suelene Gusmão, querida companheira! 
 
“Descanse em paz, Su! Você já faz falta em nossas lutas!” – Thaís Maria Pires 
“Perdemos uma amiga e companheira que amava muito a vida! Suelene: Presente!” – Tania Camarcio
Você se foi, né? Bateu asas e voou. Afinal, como ia ficar presa a tubos se sempre foi o ?” –
 
 
“O Bolsonaro já foi preso?” Conta a amiga e também jornalista Thaís Maria Pires que essas foram as últimas palavras de Suelene Teles Fonseca de Gusmão, há 18 dias, antes de ser entubada por conta de um câncer de pulmão, metástase de um câncer de mama que ela julgava ter superado. Tão Suelene! 
 
Despedir-se da consciência assim, na militância,  só podia mesmo vir da de que, além de jornalista competente, de texto impecável, foi também engajada e combativa militante. Além de participar da fundação do PT em , Suelene foi uma das responsáveis pela fundação da Cooperativa dos Jornalistas de Goiás (ProJornal) na década de 1990. 
 
 
Onde quer que estivesse, Suelene brilhava. Foi assim na cobertura da Constituinte, em 1988, trabalhando para para o Correio Braziliense. Foi assim também no Diário da Manhã, no Jornal de Brasília e em todos os veículos de comunicação onde trabalhou, incluindo as assessorias de comunicação do Ministério da , do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) e do Conselho Regional de Odontologia de Goiás.
 

Goiana, nascida no ano da graça de 1954, formada em jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Suelene mudou-se para Brasília em 1988, onde trabalhou até se aposentar em 2014. 

Nesta segunda-feira, 11 de dezembro, nos cinquenta anos do que derrubou Allende no Chile, Suelene foi embora do espaço físico deste , aos 69 anos de idade. Ele deixa duas filhas – Ana e Inês, dois filhos – André e Ivan, e três netos – Antônio, Bruno e João.

Por aqui, só saudade, Suelene!

Saudade da alegria da querida companheira que escreveu, não faz muito tempo, no caderno de um neto: “Quero deixar registrado que sempre me senti feliz. Mesmo diante dos meus maiores medos, algo me puxava para longe da infelicidade”. 

Zezé Weiss – Jornalista. Foto: Reprodução Internet.

P.S. O velório de Suelene acontece nesta terça-feira, 12 de setembro, às 15h, no cemitério Campo da na Asa Sul.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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