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Entre Verstappen e Bezos

Entre Verstappen e Bezos

Encontro no hall do elevador o moleque do 5º com a namorada, eles dizem bom dia, e eu lasco um “Como vocês estão?”, que deve soar cringe pra eles. Ledo lapso! A menina me responde assim na lata, a cara da Camille Paglia: “Levando, entre Verstappen e Bezos”!

Por Antônio Carlos Queiroz – ACQ

Não dá nem tempo de rir. Engulo em seco a epifania, e aperto o oitavo andar com a primeira pensata do sábado, véspera do Centenário de Paulo Freire.

Vocês já notaram que há um complô contra as crianças e os adolescentes, que muita gente considerada seres inferiores em quase todos os sentidos? O boicote do sinistro da Educação contra os jovens pobres do Enem e a tentativa do sinistro da Saúde de lhes negar a vacina da Covid-19 são apenas os últimos atentados dos gurus inspirados em Herodes contra os guris e gurias do Brasil.

Pairam no ar preconceitos do tipo: “São estúpidos, na nossa época éramos mais engajados”; “Não leem, não juntam lé com cré, se comunicam com grunhidos”; “A música deles é um lixo”; etc etc e lero-lero e mimimi e chororô… Nhenhenhém! Xurumelas!

Quanta bobagem! Se essas imbecilifrases fossem verdadeiras, como explicar que 59% das pessoas com idade entre 16 e 24 anos reprovam o governo Bolsonaro, seis pontos acima da média, como demonstra a última pesquisa do Datafolha? A moçada tá ligada, essa é que é a verdade!

Se a escola pública é ruim, se as manifestações culturais são sufocadas, se faltam oportunidades de trabalho etc etc etc, a responsabilidade não é da garotada, certamente. Diante da escassez e da bagaceira, a turma vai se virando como pode, e nos surpreende volta e meia como aconteceu de  manhã no meu elevador.

Tendo alcançado a pós-adolescência com alergia crescente às idealizações, tomo como verdade o verso do Goethe para quem “a juventude é a embriaguez sem vinho” (Jugend ist Trunkenheit ohne Wein). E sigo o conselho do poeta, inspirado nas Odes Anacreônticas: devemos beber até ficar bêbados para voltar a ser jovens!

A verdade continua no vinho, mesmo com excesso de sulfitos.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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