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Formosa: o largo do pau-ferro, antes largo do baruzeiro

FORMOSA: O LARGO DO PAU-FERRO, ANTES LARGO DO BARUZEIRO

: o largo do pau-ferro, antes largo do baruzeiro

Existe hoje em Formosa um rasgo de praça (tomada por edificações) carinhosamente chamada de Praça do Pau-Ferro. Nela, georreferenciado na posição de Latitude: 15º 32′ 13.10″S – Longitude: 47º 19′ 58.35″ O, está o velho pau-ferro, elo histórico da população formosense com a .

Não se tem notícia da  idade exata dessa árvore, mas sabe-se que é muito antiga, e que o local onde está já se chamou Largo do Baruzeiro. O escritor formosense Alfredo A. Saad, em sua obra póstuma “Álbum de Formosa” (2011), conta essa :

O Largo do Baruzeiro, hoje completamente descaracterizado como praça, nasceu da simples junção da rua dos Crioulos [hoje Jesulino Malheiros] e o Registro da Lagoa Feia com o caminho do Brejo.  Ele se tornou conhecido como Largo do Baruzeiro no último quarto do século dezenove, quando o pé de baru, ali nascido, atingiu altura considerável e se destacou na paisagem pobre de uma rua de casebres.

Aquele local era, até pouco antes, um simples entroncamento de caminhos cujas margens apresentavam casas esparsas. Oficialmente, seria a Praça São Vicente, mas o jamais quis saber dessa denominação. Quando a Comissão Cruls chegou a Formosa, em agosto de 1892, o baruzeiro era já árvore adulta e frondosa e aparece imponente na fotografia da “entrada de Formosa”,  feita por Henrique Morize.  

O entroncamento inicial de dois caminhos tornara-se, então, uma ampla área vazia, recortada por trilheiros secundários – uma largo, em forma de um trapézio, com cerca de cem metros e cento e cinquenta metros nos lados paralelos e oitenta e sessenta metros nos outros lados. O lado enviesado do trapézio era a rua do Brejo; o lado oposto a ele, a continuação da rua Senador Borba, mais recente. 

A formação do largo não foi um ato planejado: o caminho que ligava o entroncamento da rua dos Crioulos com o caminho do Registro recebeu mais uma ligação – desta vez com a rua Visconde. Aí, o que era a simples junção de dois caminhos, começou a delinear-se como  praça, uma convergência de vários caminhos.

FORMOSA: O LARGO DO PAU-FERRO, ANTES LARGO DO BARUZEIRO
Largo do Baruzeiro – Foto: Missão Cruls

O PAU-FERRO

Com o , o velho baruzeiro sumiu. No largo,  o pau-ferro cresceu e tomou a forma sinuosa de árvore do , ganhando o coração das várias gerações de formosenses desde o século passado, talvez do antepassado.

O povo formosense, em vez de usar o nome oficial de Praça de São Vicente de Paulo, preferiu seguir com o símbolo da natureza. O largo passou a ser chamado de Praça do Pau-Ferro, em homenagem à sua velha e torta árvore.

Dada a sua tamanha importância afetiva para a população de Formosa, essa árvore  foi tombada como em 30 de maio de 1990, graças a de Lei dos vereadores Jorge Resende e Tuca Magalhães, sancionado pelo então prefeito Jair Gomes de Paiva. Esse foi o primeiro tombamento de uma árvore ocorrido no município de Formosa em toda a sua história. Veja a Lei:

Prefeitura do Município de Formosa – Lei Nº 61-JP, de 30 de maio de 1.990.

Faz tombamento da árvore denominada Pau Ferro localizada na Praça São Vicente de Paulo.

A Câmara Municipal de Formosa, de , decretou e eu sanciono a seguinte lei:

Artº 1º – Fica tombada a árvore conhecida como Pau Ferro (Caesalpina ferrea), árvore da família das leguminosas originária de matas tropicais úmidas americanas situada na Praça São Vicente de Paulo por ser remanescente de idade avançada.

Artº 2º – Fica o município designado a conservar e preservar a árvore em questão, inclusive proibindo o trânsito de veículos de carga pesada nas laterais da referida árvore.

  • 1º – O Chefe do Poder Executivo tomará providências necessárias para fixação de placa proibitiva no local.
  • 2º – A danificação por parte de qualquer pessoas implicará nas sanções legais.

Artº 3º – Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a regulamentar a presente lei.

Artº 4º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Artº 5º Revogam-se as disposições em contrário.

Prefeitura Municipal de Formosa, Gabinete do Prefeito, em 30 de maio de 1.990.

  1. a) – Jair Gomes de Paiva – Prefeito Municipal.
Formosa: o largo do pau-ferro, antes largo do baruzeiro
Foto: formosahistorica.blogspot.com

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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