Galeria Amazônica

Galeria Amazônica: Um exemplo de comércio justo no Brasil

Galeria Amazônica: Um exemplo de comércio justo no

Em vários países do mundo, prolifera cada vez mais o fair trade – ou comércio justo, em português. A expressão é usada para denominar a venda de produtos provenientes de fontes onde não há das pessoas que produzem as peças comercializadas e que usam práticas que visam à .

Em empresas que adotam o comércio justo, os funcionários são remunerados de modo adequado ou são os próprios donos dos frutos do seu trabalho, muitas vezes em cooperativas. Não se trata de apenas mais um capricho do consumismo americano ou europeu, mas sim de uma etapa fundamental para o de um modelo de produção mais consciente.

No Brasil, a Galeria Amazônica é uma das poucas organizações que se autodenominam integrantes do comércio justo. Localizada em frente ao Teatro Amazonas, no Largo de São Sebastião, em (AM), a loja apresenta uma decoração refinada, com aspecto de um pequeno museu, destacando-se dos outros pontos de venda de artesanato indígena da região.

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A loja, que expõe e comercializa produtos como cestarias, joias, bolsas, tapetes e livros contemporâneos de origem indígena e ribeirinha de alta qualidade, é na verdade uma organização sem fins lucrativos, inaugurada em 19 de abril de 2008 pela Associação Comunidade Waimiri-Atoari, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).

Segundo a gerente da Galeria, Melina Aguilar, “são duas instituições com vasta experiência na defesa dos direitos coletivos e na busca de soluções para o desenvolvimento sustentável na região”.

Melina, de origem peruana, e os (as) atendentes da Galeria tiveram treinamento compreensivo sobre cultura e produtos Waimiri-Atroari e de outras etnias, sendo assim capazes de dar verdadeiras aulas sobre o tema. Para eles, o comércio justo é fundamental na pela preservação dos da .

Segundo Melina, “a iniciativa de comércio justo surgiu da busca por alternativas econômicas sustentáveis que incentivem e valorizem as comunidades, a produção de bem-estar, além da conservação e valorização da biodiversidade e das práticas tradicionais dos povos da ”.

Galeria AmazônicaEla lembra que as comunidades estão sendo cada dia mais ameaçadas pela exploração ilegal, pelo extrativismo predatório.

“Há muitos indígenas que não sabem falar o português, não têm noção da formação de preço e chegam à cidade vendendo seus produtos por valores baixos ou simplesmente os trocam por algum objeto. E assim se tornam vítimas de atravessadores, que se apossam daqueles produtos por bagatelas e os vendem a preços altíssimos”, explica.

Além de comercializar artesanato, a Galeria desenvolve outras atividades em prol das comunidades tradicionais, como palestras e oficinas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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