GERAÇÕES

GERAÇÕES

Gerações 
 
Versos meus
Navegam no Rio Acre!
teus
Tempos de misérias e apogeus.
Versos meus
Tentam mostrar
Os rastros teus
Depois de navegar.
Versos meus
Adentram !
Varadouros teus
Caminhos desiguais.
Versos meus
Decadência dos seringais!
Medos teus
Ameaça aos matagais.
Versos meus
Percorrem gerações!
Sonhos teus
Meras ilusões…

Milton Menezes Junior– Poeta acreano. 

GERAÇÕES - RIO ACRE
Foto: Felipe Freire/SECOM

SOBRE O RIO ACRE 

O rio Acre é um curso de água que tem sua nascente no Peru e desagua no , na margem do rio Purus, junto à cidade amazonense de Boca do Acre. É um dos rios mais famosos da Região Norte do Brasil, pois atravessa e deu o nome ao  do Acre, e foi ainda o palco principal de um episódio marcante da brasileira: a  Acreana.

O vale do rio Acre é razoavelmente povoado para os padrões amazônicos. No município acreano de Assis Brasil, o rio marca a fronteira dessa cidade com Iñapari (Peru) e Bolpebra (Bolívia). Além destas , outras localidades situadas à beira do rio são: Brasileia, Cobija (Bolívia), Epitaciolândia, Xapuri, , Porto Acre, Floriano Peixoto e Boca do Acre. Ao atravessar a cidade de Rio Branco, o rio divide-a em dois distritos. Suas águas são barrentas e piscosas.

O rio Acre nasce numa cota da ordem de 300 m. Seu alto curso, até a localidade de Seringal Paraguaçu, atua como divisa entre Brasil e Peru; desse ponto até Brasileia, marca a fronteira entre Brasil e Bolívia. A partir daí, adentra o território brasileiro. Logo abaixo da cidade de Porto Acre, adentra o território do estado do , que percorre até a sua foz.

No total, o rio Acre percorre mais de 1.190 km desde suas nascentes até a desembocadura. É atravessado por duas pontes internacionais: uma liga Assis Brasil a Iñapari (Peru) e outra liga Brasileia a Cobija (Bolívia).

Durante as cheias, o rio Acre é navegável até as cidades de Brasileia e Cobija. O período de águas altas prolonga-se de janeiro a maio, aproximadamente, e o de águas baixas é mais acentuado em dezembro.

De Boca do Acre (foz) até Rio Branco, apresenta um estirão navegável de 311 km, com 0,80 m de profundidade mínima em 90% do percurso. Entre Rio Branco e Brasileia, as profundidades são mais reduzidas, possibilitando a navegação apenas durante a época das cheias. São 635 km de percurso, com acentuada sinuosidade e larguras inferiores a 100 m.

O trecho a jusante de Rio Branco até a foz é considerado a continuação da hidrovia do rio Purus, para acesso à capital do estado do Acre. A navegação é franca para embarcações de grande porte nos períodos de chuvas e reduzida para aquelas de médio e pequeno porte nas estiagens.

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Passarela Joaquim Macedo sobre o rio Acre em Rio Branco – Foto: Agência de Notícias do Acre

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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