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Gigantes da Amazônia

GIGANTES DA AMAZÔNIA

Gigantes da Amazônia

Além das preguiças gigantes, pelo menos três outras espécies impressionam pelo tamanho: os taxodontes, os mastodontes e os purussaurus.

Da Revista Nova Terra

Os primeiros tinham como principal característica o hábito semianfíbio. Eram animais terrestres que dependiam de grandes corpos d´água para sobreviverem, pois alimentavam-se de vegetais aquáticos e gramíneas que cresciam nas margens e no fundo das lagoas e rios perenes.

Tudo indica que os taxodontes passavam a maior parte do dentro d´água, como fazem atualmente os hipopótamos africanos. Eles fazem parte da Ordem dos Notoungulados, grupo primitivo de animais com casco (ungulados) – as espécies deste grupo surgiram e se desenvolveram exclusivamente na América do Sul, há cerca de 50 milhões de anos.

Como últimos representantes dessa ordem, os taxodontes tinham o porte dos rinocerantes encontrados hoje na África. Possuíam em média 2,5 m de comprimento e 1,5 m de altura e alguns chegavam a pesar até 1 tonelada. Tinham cabeça grande, focinho comprido, com um pescoço atarracado e muito possante. Eles habitavam, provavelmente, planícies com vegetação rasteira (tipo cerrado), com muita água perene, formando manadas.

No , já foram encontrados fósseis desses animais nos estados do Acre, Roraima, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e .

Mastodontes

Já os Mastodontes eram animais do ramo evolutivo dos elefantes, guardando algumas semelhanças com as espécies de hoje. Tinham presas, às vezes enormes, de um metro e meio de comprimento, pouco recurvadas.

GIGANTES DA AMAZÔNIA
Foto: Reprodução/CNN

Seus lábios superiores foram transformados em tromba de movimentos precisos. Eram herbívoros e alimentavam-se de brotos de arbustos, folhas e capim. Esses animais chegaram à América do Sul durante o deslocamento de espécies da fauna entre os continentes.

Aqui se diversificaram em várias espécies – nenhuma igual aos elefantes encontrados somente na Ásia e na África.

Purussaurus brasiliensis

O mais assustador de todos, porém, era o Purussaurus brasiliensis, réptil gigante cujo fóssil foi encontrado na : ele chegava a medir até 15 metros de comprimento.

Assim como outros animais, esse enorme jacaré vivia no Lago Pebas, há aproximadamente 8 milhões de anos. Sua descrição foi feita em 1892, pelo naturalista brasileiro Barbosa Rodrigues.

A descoberta do fóssil abriu caminho para estudos mais concretos a respeito da constituição e dos hábitos do . Uma das conclusões a que chegaram os pesquisadores refere-se à ameaça que o jacaré gigante representava para outras espécies.

Com poderosa dentição, alongado recoberto por um esqueleto bastante resistente, cauda ágil e o tamanho avantajado, o Purussaurus brasiliensis ganhou o título de maior predador já existente na Amazônia: há provas de que as gigantes tartarugas Podocnemys eram uma de suas presas.

Sobre o nome Purussaurus

O nome Purussaurus significa lagarto (jacaré) do Rio Purus. A réplica do exemplar mais completo, até agora descoberto, foi exibida na exposição Nossa Terra, da Biblioteca da , em , no Acre, de 09 de outubro de 2007 a 31 de julho de 2008.

GIGANTES DA AMAZÔNIA
Crânio de um Purussaurus / Crédito Divulgação Youtube Ecoacre Net

Ela foi criada a partir do crânio encontrado no Alto Rio Acre, em 1986, por uma expedição conjunta da Universidade Federal do Acre e do Museu de História Natural de Los Angeles.

O material original foi enviado aos Estados Unidos, onde foi feita a preparação e a reprodução das réplicas. Réplicas do crânio de Purussaurus podem ser apreciadas em vários museus dos Estados Unidos, Espanha e Brasil.

Fonte: Nossa Terra: uma viagem às origens da . Fundação de Elias Mansur – FEM. Biblioteca da Floresta, 2010. Capa: Mundo Pré-Histórico

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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