HOMENAGEM A QUEM DEFENDE A AMAZÔNIA

Homenagem lagartífera a quem defende a

Pesquisadores e pesquisadoras da Federal de Pernambuco (UFPE), em colaboração com a Universidade de (USP) e o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), anunciaram uma descoberta significativa no campo da herpetologia: cinco novas espécies de lagartos pertencentes ao gênero Iphisa, ampliando de forma significativa nosso conhecimento sobre a biodiversidade da Amazônia.

Por Revista Xapuri

HOMENAGEM LAGARTÍFERA AOS E ÀS DEFENSORES/AS DA AMAZÔNIA
Lagarto Iphisa munduruku – Foto: Miguel Trefault Rodrigues/Divulgação

O aspecto notável dessa descoberta é que essas espécies recém encontradas foram batizadas com nomes que prestam homenagem aos heróis que dedicaram suas vidas à proteção da Amazônia e suas comunidades.

Essa iniciativa não apenas reconhece a importância crucial desses indivíduos, mas também destaca a interconexão entre a preservação da tropical e a pelos .

Nesse sentido, reconhecer lideranças tão importantes para o povo brasileiro é implementar aspectos tão importantes de soberania nacional em nosso fazer ciência.

Entre os homenageados, destacam-se Alessandra Korap Munduruku, uma líder indígena de renome e incansável ativista ambiental. Ela ganhou reconhecimento internacional ao receber o Prêmio Goldman, considerado o “Nobel do ambientalismo”, em 2023.

Alessandra dedicou sua vida à defesa dos da floresta e à demarcação de territórios indígenas como um meio fundamental de preservar a rica biodiversidade amazônica.

HOMENAGEM LAGARTÍFERA AOS E ÀS DEFENSORES/AS DA AMAZÔNIA
Lagarto Iphisa brunopereira – Foto: Renato Recoder/Divulgação

Neidinha Suruí, que tem dedicado cinco décadas à defesa das comunidades indígenas na Amazônia, também foi escolhida como homenageada. Sua atuação pragmática resultou em conquistas significativas para os direitos humanos e na luta incansável em prol dos povos indígenas.

Além disso, a escolha dos nomes para as novas espécies também incluiu dois heróis que perderam a vida na batalha pela proteção da floresta tropical. Bruno Pereira, um agente da , foi assassinado em 2022, enquanto Dorothy Stang, uma ativista, foi tragicamente assassinada em 2005.

Ambos não apenas defenderam a floresta e a biodiversidade, mas também trabalharam arduamente para garantir direitos fundamentais para os da região, tornando-se figuras icônicas na luta socioambiental do .

Esta descoberta histórica, com nomes que honram esses heróis, destaca a interseção entre a conservação ambiental e os direitos humanos na Amazônia.

O artigo completo sobre essa descoberta pode ser encontrado na Zoological Journal of the Linnean Society, onde todos podem explorar em detalhes essa contribuição notável para a ciência e para a memória dos que dedicaram suas vidas à proteção da Amazônia e de suas comunidades. 

Capa: Alessandra Korap (Reprodução/GOLDMAN ENVIRONMENTAL PRIZE) Neidinha Suruí (Reprodução/Gabriel Uchida), Dorothy Stang (Reprodução/Jeff Pachoud/AFP) e Bruno Pereira (Reprodução/TV Globo)

HOMENAGEM LAGARTÍFERA A QUEM DEFENDE A AMAZÔNIA

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA