Homenagem lagartífera a quem defende a Amazônia
Pesquisadores e pesquisadoras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP) e o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), anunciaram uma descoberta significativa no campo da herpetologia: cinco novas espécies de lagartos pertencentes ao gênero Iphisa, ampliando de forma significativa nosso conhecimento sobre a biodiversidade da Amazônia.
Por Revista Xapuri
O aspecto notável dessa descoberta é que essas espécies recém encontradas foram batizadas com nomes que prestam homenagem aos heróis que dedicaram suas vidas à proteção da Amazônia e suas comunidades.
Essa iniciativa não apenas reconhece a importância crucial desses indivíduos, mas também destaca a interconexão entre a preservação da floresta tropical e a luta pelos direitos humanos.
Nesse sentido, reconhecer lideranças tão importantes para o povo brasileiro é implementar aspectos tão importantes de soberania nacional em nosso fazer ciência.
Entre os homenageados, destacam-se Alessandra Korap Munduruku, uma líder indígena de renome e incansável ativista ambiental. Ela ganhou reconhecimento internacional ao receber o Prêmio Goldman, considerado o “Nobel do ambientalismo”, em 2023.
Alessandra dedicou sua vida à defesa dos povos da floresta e à demarcação de territórios indígenas como um meio fundamental de preservar a rica biodiversidade amazônica.
Neidinha Suruí, que tem dedicado cinco décadas à defesa das comunidades indígenas na Amazônia, também foi escolhida como homenageada. Sua atuação pragmática resultou em conquistas significativas para os direitos humanos e na luta incansável em prol dos povos indígenas.
Além disso, a escolha dos nomes para as novas espécies também incluiu dois heróis que perderam a vida na batalha pela proteção da floresta tropical. Bruno Pereira, um agente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), foi assassinado em 2022, enquanto Dorothy Stang, uma ativista, foi tragicamente assassinada em 2005.
Ambos não apenas defenderam a floresta e a biodiversidade, mas também trabalharam arduamente para garantir direitos fundamentais para os trabalhadores da região, tornando-se figuras icônicas na luta socioambiental do Brasil.
Esta descoberta histórica, com nomes que honram esses heróis, destaca a interseção entre a conservação ambiental e os direitos humanos na Amazônia.
O artigo completo sobre essa descoberta pode ser encontrado na Zoological Journal of the Linnean Society, onde todos podem explorar em detalhes essa contribuição notável para a ciência e para a memória dos que dedicaram suas vidas à proteção da Amazônia e de suas comunidades.
Capa: Alessandra Korap (Reprodução/GOLDMAN ENVIRONMENTAL PRIZE) Neidinha Suruí (Reprodução/Gabriel Uchida), Dorothy Stang (Reprodução/Jeff Pachoud/AFP) e Bruno Pereira (Reprodução/TV Globo)