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INACREDITÁVEL: GOVERNADOR DO RS RECLAMA DAS DOAÇÕES!

INACREDITÁVEL: GOVERNADOR DO RS RECLAMA DAS DOAÇÕES!

Inacreditável: governador do RS reclama das doações!

Inacreditável! Dois milhões de pessoas impactadas, milhares de pessoas refugiadas em abrigos, milhões de moradias submersas nas águas da catástrofe provocada por insuspeitáveis mudanças climáticas, e o governador do Rio Grande do Sul, sob a justificativa de proteção do comércio local, reclama das doações.

Por e Letícia Marques

(…) Também pedi à nossa equipe aqui que ajude a estruturar, na medida do possível, ferramentas e canais para que aquelas pessoas de outros locais que queiram fazer essas doações ajudando o comércio local, que está impactado. Porque, na verdade,  quando você tem um volume tão grande de doações físicas chegando ao , há um receio, [com base] no que nós já observamos em outras situações, em outras circunstâncias, sobre o impacto que isso terá no comércio local, né… que pode, na verdade… você tem uma cidade que está impactada, o comércio ficou impactado também, e o reerguimento deste comércio fica dificultado na medida que você tem uma série de itens que estão vindo de outros lugares do país.

A fala do governador, viralizada neste 14 de maio nas redes sociais, desdenha da solidariedade de milhões de brasileiros e brasileiras que, em sua imensa maioria, não tem como ir ao Rio Grande do Sul fazer compras em um comércio que, debaixo d´água, não existe e, portanto, não tem como vender para uma população flagelada que, sem doações, sucumbiria à e ao frio, ante o olhar insensível de quem se elegeu pra protegê-la.  

Estupefata, a sociedade brasileira responde ao seu jeito e como pode, com uma certa dose de humor e uma tonelada de indignação: “Vão vender o que, tem supermercado aquático?” –  “Só o seringueijo do Bob Esponja pra vender algo em baixo d´água” –  “Esse comércio é submarino?” – “Zelensky do Guaíba: oportunista!” – “Patético”! – “PQP, esse cara só pode estar de brincadeira!” – “Cara, tu és mais burro do que eu pensava” – “Esse bhosta tá falando uma mherda dessa?” –  “Definição de FDP atualizada com sucesso” – “Eu não tô acreditando, só pode ser o IA do Exterminador do Futuro querendo eliminar o gaúcho…

“O estado pode demorar até anos pra se reestruturar e o infeliz vem dizer que tem doações demais… o povo vai trabalhar aonde para comprar no mercadinho que também está debaixo d´água… do que o governador está falando, de turismo aquático em lago de lama?” – “Cada doido que aparece” –  “O cara não sabe nem fingir competência” – “Gente do céu, o povo perdeu tudo e o cara tá pensando é no comércio, que lixo!” – “O povo tá fazendo chimarrão com água de calha e o governador me vem com essa…” –  “Que canalhice”  – “Resumindo: PIX”. “Ele só quer PIX”.

“Também resumindo: o povo que se lasque!” – “Surreal” –  “Entendi, ele só quer $$$” –  “Esse rapaz bate bem da cabeça?” – “Sem noção” – “Dudu Milk caldo é um . Que as doações se multipliquem!” –  “Boa sorte ao RS com um governador desse. Revoltante!” – “Pra vaquinha privada do governo do RS  pode doar?” – “Agora fechou a tampa. Tudo alagado. Que comércio local é esse que abre debaixo d´água?  O governador quer que o Brasil cruze os braços e deixe o povo do RS morrer de fome? É ou não é emergência?” – “Vergonha alheia escancarada” – “Só pode ser burrice. Sem condições”. 

“O que o governador quer dizer, que as doações não são bem-vindas?” – “O grande inimigo do povo do RS é seu próprio govenador” –  “A cara deste tapado nem queima. Bilhões em repasse, três anos de suspensão total da dívida gaúcha, o Brasil todo doando e o governador dando essa lapada na nossa cara”-  “Alguém manda um zap pra Dilma suspender os quase 6 bi pra dar chance pros bancos locais” –  “O RS não pode esquecer esse disparate, nunca!” – Também não pode esquecer que governo Eduardo revogou 13 artigos do Código Florestal do Rio Grande do Sul, facilitou o corte de árvores e flexibilizou mudanças em áreas de . Não, não pode!

NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM!

Esquece o governador. Ajude o povo gaúcho, ele precisa do nosso apoio! Colabore da forma que puder. Junte-se às iniciativas solidárias de entidades como o MST através do site “apoie.se” ou doações via Pix: 09352141000148, CNPJ do Instituto Brasileiro de Solidariedade, vinculado ao MST, ou da Ação e Cidadania, entidade criada pelo Betinho, há mais de 30 anos lutando contra a fome no Brasil.

Zezé Weiss – Jornalista. Editora da , com comentários sobre o governador coletados nas Maria Letícia Marques – Redatora voluntária da Revista Xapuri. Imagem de Capa: Agência Brasil.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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