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Interior do Rio terá restauração de 10 mil hectares de Mata Atlântica até 2030

Interior do Rio terá restauração de 10 mil hectares de Mata Atlântica até 2030

Iniciativa é da CEDAE em parceria com a ONG The Nature Conservancy Brasil; plantios serão realizados por presos participantes do projeto de ressocialização Replantando Vida.

Por Gabriel Tussini/ O Eco

O governo do Rio de Janeiro lançou hoje (7), no Palácio Guanabara, zona sul da capital, o Programa de Restauração do Corredor Tinguá-Bocaina, que abrange nove municípios entre as regiões Sul e Centro-Sul do estado. A iniciativa, feita pela Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) e pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), em parceria com a ONG The Nature Conservancy Brasil, prevê a recuperação de 10 mil hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica até 2030, e 30 mil até 2050.

Segundo Aguinaldo Ballon, diretor-presidente da CEDAE, a iniciativa é fruto da responsabilidade da estatal com a segurança hídrica, uma de suas funções restantes após a concessão da área de saneamento básico do estado à iniciativa privada. O “braço executor” do programa de restauração será o projeto Replantando Vida, fundado em 2021. Através do projeto “já foram plantadas cerca de 4 milhões de mudas e ressocializados 3500 apenados, com cerca de 80% de não-reincidência”, listou Ballon. “Agora queremos focar na restauração desse corredor”, completou.

A iniciativa será realizada nos municípios de Miguel Pereira, Paty do Alferes, Barra do Piraí, Piraí, Paracambi, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Rio Claro e Vassouras, e contará com o apoio da The Nature Conservancy à CEDAE na “identificação de espaços públicos para ações de plantio, na doação de mudas e apoio a instituições relacionadas”, segundo a companhia estatal.

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Acordo de cooperação técnica assinado entre Governo do Estado, CEDAE e The Nature Conservancy BrasilFoto: Gabriel Tussini.

Parte das mudas virão do próprio projeto Replantando Vida, que vai inaugurar seu oitavo viveiro florestal neste mês de junho, numa penitenciária de Resende, no sul do estado. Segundo a CEDAE, as primeiras áreas de plantio já estão mapeadas, e o projeto de restauração não gerará custos extras ao estado, já que a companhia produz, atualmente, cerca de 2 milhões de mudas por ano.

Segundo o secretário de Ambiente e vice-governador do Rio, Thiago Pampolha (UNIÃO), a iniciativa é um convite para que a sociedade largue a “acomodação” e se una em ações efetivas pelo meio ambiente. “A sociedade se acomodou a agir com frases de efeito, Twitter, e perdeu o hábito de arregaçar as mangas e fazer seu papel”, apontou. “Esse evento aqui funciona como mais uma convocação pública de toda a sociedade para somar esforços. Todo mundo pode contribuir, e muito”, reforçou.

Pampolha falou ainda da importância da iniciativa para a recuperação dos mananciais da região. “Quando falamos de restauração florestal, nós falamos de recuperação dos ecossistemas, nós falamos de abastecimento e segurança hídrica, de recuperação da fauna e da flora, de despoluição… nós falamos de vida, de resgatar o bem precioso que é responsável pelo equilíbrio da vida, que é a água”, discursou. “Nosso país produz mais de 12% da água do mundo, mas muitas vezes nós também nos acomodamos com essa riqueza que nós temos para deixar de produzir. E pra deixar de ter qualidade nessa produção. Nós não podemos cair nesse engano, nós não podemos simplesmente ficar na apatia e deixar de fazer aquilo que é tão necessário que façamos”, disse, reforçando o pedido de ação.

Segundo o secretário, o projeto irá garantir ainda a restauração da mata ciliar do rio Guandu, principal fonte de água potável da região metropolitana do Rio de Janeiro, e que hoje sofre com a poluição. “A partir desses investimentos na restauração, esse problema também é diminuído”, garantiu Pampolha, que citou ainda o reflorestamento como um instrumento para frear a ocupação desordenada e irregular de locais como maciços e encostas, regiões de alto risco para tragédias ambientais, como deslizamentos de terra.

“É necessário que a gente revisite as nossas atitudes, porque só dessa forma nós vamos salvar o planeta. E quando a gente fala em salvar o planeta, não é um problema que só os nossos netos e bisnetos vão ter, não. É a nossa realidade que nós já estamos vivendo, que muitas vezes nós só lembramos quando tem uma forte enchente ou incêndio florestal. A gente lembra nesses momentos, mas isso está a cada ano se tornando mais severo e irreversível. Então nós precisamos trabalhar duro”, concluiu o vice-governador.

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Feira de produtos da agricultura familiar realizada durante o evento. Foto: Gabriel Tussini.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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