Homenagem ao poeta José Santiago Naud

José Santiago Naud
Foto: Reprodução/ Internet

Por

 

José Santiago Naud

Poeta Santiago Naud

Da região missioneira

Cidade de Santiago

Sul da nação brasileira

Fez do verso sapiência

E alquimia verdadeira

Ano 1930

No 24° dia

O poeta veio ao

Declamar suma

Navegar no Cosmiverso

Reescreviver a phantasia

Filho de Henrique e Adila

Tem Lobato e Oliveira

Manwayler e Naud

Santiago na dianteira

De ascendência guarani

Da pré-história brasileira

De origem portuguesa

E verve dos provençais

Gênese alemã-francesa

No sangue há muito mais

Santessência da mistura

Dos sagrados ancestrais

Sete Povos das Missões

República comunitária

Nas reduções jesuíticas

Theocracia visionária

Nesse mundo, Santiago

Teve clarivivência diária

Col. S. Coração de Jesus

Em São Borja, educação

Curso ginasial em Ijuí

Leitura e evolução

No Instituto Comercial

Guilherme Köler em ação

Formado em L. Clássicas

Em Porto Alegre estudou

Poeta, crítico, ensaísta

Boa arte vivenciou

Educador concriativo

A muitos conscientizou

Em Yale e na UCLA

Literatura luso-brasileira

Pronunciou conferências

Em bienais e em feira

Seminários e simpósios

Por sua inteira

Europa e Estados Unidos

Palestrou com qualidade

Bolsista pela Gulbenkian

Artista da

International Writing

Iowa na Universidade

Encontro N. de Escritores

Prêmio Nac. de Poesia

Pela Fundação Cultural

Momentos de alegria

Santiago reconhecido

Em busca da soberania

Família de doze irmãos

De luminosa ascendência

Indígena e lusitana

Tem Guarani na essência

De Provença e da Bavária

A verve da clarievidência

São Gabriel e São Borja

Boa estirpe familiar

A república teocrática

Sete Povos a sonhar

Cosmovisão jesuítica

Comunidade solar

Ano 1947

Padrinhos a custear

No colégio Ruy Barbosa

Mestre a se preparar

Foi no bairro do Bonfim

Em Porto Alegre estudar

Colégio Júlio de Castilho

Concluiu o colegial

Curso Clássico de escol

Delite educacional

Estudos de alto nível

Bom preparo cultural

Foi assistente técnico

Do Governo estadual

No Instituto do

Como diretor-geral

Fundou o famoso IEL

Leitura é essencial

Ano 1957

Aulas de literatura

Portuguesa e brasileira

Consciência da leitura

Trabalho na Educação

Na Divisão de Cultura

Ano 1958

Em Letras licenciado

Pela UFRGS

Santiago é diplomado

Lecionou Literatura

Estava bem preparado

Ano 1960

Em concurso nacional

Ensino médio em Brasília

Via Planalto Central

Do Pampa para o Cerrado

Em busca do novo Graal

Selecionado pela CASEB

Fundação Educacional

Grupo de 100 docentes

íntegra

Pioneiro educador

No Distrito Federal

Mov. reivindicatório

Lutou pela residência

Foi demitido em férias

Persistiu na resistência

Conseguiu o que queria

Luminar da consciência

Professores em ação

Em busca de melhoria

Por condições condignas

Muita luta antevia

Educação permanente

Luzes da

Ano 1961

Trabalho em assessoria

Com o prefeito do DF

Na luta do dia a dia

Na Fundação Cultural

Leitura, arte-poesia

Ano 1961

Assessora escritor

O mestre Cyro dos Anjos

Romancista e professor

Santiago na UnB

Foi docente fundador

Universidade de Brasília

Templo de Darcy Ribeiro

Santiago Naud no ICL

Foi professor pioneiro

Conv. de Cyro dos Anjos

Alto intelectual brasileiro

Na UnB fez história

Atuante professor

Secretário do ICL

Do CBEP, diretor

Atuação competente

Na arte de educador

C. Bras.Est.Portugueses

Santiago em evidência

Com Agostinho da Silva

Trabalho de referência

Foi uma era dourada

Na luta da resistência

As trevas se instalaram

Na Ditadura Militar

A UnB perseguida

O terror a se implantar

Castraram o pensamento

Não se podia sonhar

Anísio Teixeira, cassado

Acorrentaram a poesia

Golpearam a consciência

Deram nó na fantasia

Caça bruxas no Planalto

Instalou-se a tirania

1966

Santiago é convidado

Via Yale University

Por Frances é indicado

DP Romance Lang.

Português revisitado

1967

Na UCLA foi ensinar

Los Angeles, Califórnia

Foi o mestre ministrar

Machado R. o convidou

Para o ofício de educar

Ano 1968

À UnB retornou

Tempo de dificuldade

A coisa se complicou

AI-5 a caminho

Logo o sonho acabou

Foi demitido da UnB

Em ato da Reitoria

Monstro des.

Castrou a sabedoria

Exceção,silêncio, medo

Nos horrores da tirania

No CEUB de Brasília

Foi professor titular

Departamento de Letras

Santiago a lecionar

O Terror da Era Médici

É Ditadura Militar

Fulbright Commission

Em tempo de mortality

Na Calouste Gulbenkian:

(IWP) em Iowa City

Internacional Writing

Program Iowa University

Cantares de N. Senhora

Em português-espanhol

Tem a versão em inglês

Bela poesia de escol

Santiago pole o verso

Que reflete a luz do Sol

Cantares ainda inédito

Louvor a Nossa Senhora

Filosofia…Literatura

Pesquisa em boa hora

A poesia de Pessoa

Raia ao fulgor da aurora

Europa, Estados Unidos

Em intensa atividade

Cursos e conferências

Letras na universidade

Muita leitura de poesia

Arte em multiplicidade

Santiago fez a busca

É mestre pesquisador

Em Drake e em Tulane

Um poeta concriador

Em Racine e Minnesota

Pensamento construtor

No Mac Alester College

Registrou sua presença

E na Johnson Foundation

Sabedoria…Sabença

St. Paul Theatter e outros

Cientificou sua crença

Univers.Clássica,Lisboa

Pesquisa e literatura

Facul. de Letras do Porto

Textos em desenvoltura

Soc. Língua Portuguesa

História, Arte e Cultura

C. d ́Ét. Luso-Brésiliennes

Univ. de Tolouse, França

A convite de Jean Roche

Reacende a esperança

Leste e Oeste europeu

E o Brasil na lembrança

Dep.Cultural do Itamaraty

Santiago contratado

Petrônio Portela apoiou

O mestre foi requisitado

Centro de Est. Brasileiros

Foi dirigente celebrado

Foi diretor do CEB

Ação no exterior

Na Bolívia, em La Paz

Deu asas ao escritor

Em Rosário, Argentina

Pensamento criador

Ano 1973

Labor internacional

12 anos de trabalho

Alto nível cultural

No Panamá e no México

Sapiência ancestral

Ano 1985

Ao Brasil ele voltou

A Ditadura enfraqueceu

Nosso sonho despertou

Veio a Constituição

A liberdade ecoou

Ano 1990

À UnB reintegrado

43 anos de trabalho

De estudo consagrado

Homem culto, sapiente

Hierofante iluminado

Literatura e ensino

Dedicação ao magistério

Transcende a realidade

Sem esquecer o mistério

Sempre cultivou a ética

Trabalho de homem sério

LBV…ANE…Thesaurus

Até em Academia

Renunciou ao sodalício

Preservou sua magia

No Fórum dos Escritores

Deu asas à poesia

Encontro com a Palavra

Almoço com o Escritor

A Poesia nos ônibus

O verso despertador

Na Fundação Cultural

Vozes de contestador

Em o Resgate da Palavra

Em diversa antologia

Sua arte multiversa

Pralém da filosofia

Construiu verso em ouro

Em matéria da alchemia

Sindicato dos Escritores

Consultoria literal

Apoio aos companheiros

Na batalha literal

A presença constante

No universo cultural

Instituto Brasil-Romênia

Dirigiu com fidalguia

No Instituto Histórico

Cultura e

Arte e nacionalidade

Nas lutas do dia a dia

Leda Maria D. Cardoso

Esposa e companheira

Marcos e Cristóvão

Descendência altaneira

Com Ludmila e Elisa

Netas de uma vida inteira

Santiago: Olho Reverso

Textos de engenharia

Arquitextura do verso

Nos templos da poesia

Transgressão.Inquietude

Exuberância e magia

Signos…Significados

Revelação…Ruptura

Raiz do imaginário

Cosmicidade…Eternura

Aztlan…Huitzilopochtli

Ludus de infinita leitura

Assombro do ad eternum

Celebração…Existência

Labirintos visionários

Os mitos da existência

Irônico, erótico, elegíaco

Flores da quintessência

Torrente voluptuosa

A poesia se esgarça

Une micro.macrocosmo

Ao infinito se enlaça

Mitológica feito fênix

Bailarina se faz garça

Poemas sem domingo

Vez de eros…Cara de cão

Noitelementar.Dosnomes

Nas veias do coração

O centauro e a lua

Vagam pela imensidão

P.Azteca.Verbintranquilo

Promontório milenário

Vi “As colunas do templo”

Lalém do imaginário

Hölderlin e Jorge de Lima

Voos do verso visionário

Pessoa, Borges, Camões

Gregório, Oswald, Machado

Bibliotecas na alma

O multiverso letrado

Santiago nos eleva

Com seu verso elaborado

Sociedade suicida

Que a arte assassina

Hölderlin desvela sonhos

À lou.cura nos descortina

Rimbud.Artaud.VanGogh

A sapiência como sina

América que se integra

México, Brasil, Argentina

Peru, Bolívia, Colômbia

Ronca a dor planaltina

Sete Cidades ocultas

Na selva amazonina

Paz, El arco y la lira

Gabriel não desatina

Lezama, Rulfo, Cecília

Lispector nos destina

Santiago que nos guia

Com sua estrela sibilina

Marx, Freud, Sartre, Rosa

Translógica e intuição

Pascal nos advertiu

Das coisas do coração

Corpo, alma e espírito

Os seres em rebulição

Mudança e permanência

Era da imobilidade

Neoliberalismo em voga

Medo e arbitrariedade

Globalização do caos

Que violenta a saudade

Viés político-econômico

A mídia que malícia

Divulgação do efêmero

Melodrama sem poesia

Enlatam o pensamento

Macaqueiam a fantasia

José Santiago Naud

Fez o diferencial

Anatomia Invisível

Revelação literal

Nostalgia de Jacob

Criação monumental

O Negro e Sol Lunar de Santa

Joana, ele escreveu

Artigos, textos, ensaios

Boa poesia concebeu

Um poeta definitivo

Consciente escreviveu

Cantares, Ofício Humano

Sua poesia é fraterna

Cultiva a sapiência

Da antiga à moderna

Luminar concriativo

Da natureza eterna

A Fábrica de Ritos versos

Poética em antologia

Cantares de N. Senhora

O Olho Reverso, alquimia

Santiago transmutantra

No Graal da Cosmologia

Transgredir é necessário

É próprio da poesia

O escritor é censurado

Perseguem a rebeldia

A luta é permanente

Em busca da cidadania

“Não há nada de novo

Sob o sol, dizia Salomão

Está no Eclesiastes

Cantares do coração

Busca-se a face do Ser

Vive-se uma doce ilusão

Foi-se o mestre Santiago

Aos mundos da sinfonia

Viajar no espaço-tempo

Pelos logos da poesia

Por versos e multiversos

Nas luzes da alquimagia

 

Gustavo Dourado

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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