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Leandro da Mangueira enquadra o presidente: “Carnaval é festa do povo, é cultura popular, não é o que ele acha que é.” #MarielleVive

Carnavalesco da Mangueira responde a Bolsonaro e diz que Carnaval não é o que ele acha que é

Durante a festa do título, Leandro Vieira declarou: “É um recado político também para mostrar para o presidente que o é isso aqui. O Carnaval é a festa do

Por: Redação da revistaforum

Durante a festa de comemoração do título da Estação Primeira de Mangueira, nesta quarta-feira (6), na quadra da , no Rio de Janeiro, Leandro Vieira, o carnavalesco da agremiação, rebateu a postagem de Jair Bolsonaro. Vieira disse que a vitória é importante também para protestar contra o presidente.

“A Mangueira é uma escola que faz Carnaval para representar uma comunidade importante. Fazer esse Carnaval é fazer um Carnaval de representatividade. Esses homens e essas são os heróis do meu enredo, que merecem sempre ser exaltados. Aqui mora o que há de melhor nesse país, que o todo aplaude”, declarou, em entrevista à GloboNews.

Questionado sobre se o enredo da escola era um recado político, o carnavalesco disse: “O país todo tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para mostrar para o presidente que o Carnaval é isso aqui. O Carnaval é a festa do povo. É popular. Carnaval não é o que ele acha que é”, disse.

Jair Bolsonaro compartilhou, na noite desta terça-feira (5), um vídeo de um homem urinando em outro para “expor a verdade” sobre os blocos de rua no Carnaval.

“Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões (SIC)”, tuitou. A iniciativa causou enorme indignação.

Fonte: https://www.revistaforum.com.br/carnavalesco-da-mangueira-responde-a-bolsonaro-e-diz-que-carnaval-nao-e-o-que-ele-acha-que-e/?fbclid=IwAR0KAFDnJvXpzzEIqWF4MJ3Ys_SDx043P4O4AYRcRltznafhZmCaoGNkeic

 

Marielle frente do verso

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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