Lenda do Ipê: De milhares de canarinhos vem o amarelo…
Conta uma antiga lenda
Que as árvores em festa
Exibiam suas prendas
Umas às outras na floresta.
Mas a árvore do Ipê
Desfolhada e tristonha
Ninguém parava pra ver
Ou consolá-la da vergonha.
Os Colhereiros rosados
Em outras árvores pousaram
E o espetáculo encantado
Os anjos observaram.
Um deles voltou ao céu
E chamou Deus para ver,
Descortinando um véu,
Mostrou-Lhe os pés de Ipês.
Cobertos todos de aves
Com os Ipês, solidárias,
Nas cores lindas e suaves.
Não eram mais solitárias.
O Bom Deus se comoveu,
Então milagrosamente,
Em cada Ipê nasceu
Flor de cor de diferente.
Nasceu a flor amarela,
O Ipê Roxo e o Rosa,
O de flor branca, tão bela!
Que coisa mais primorosa.
Deus não contente juntou,
Sob o céu azul de anil,
Todo Ipê que encontrou,
No solo deste Brasil.
Hull de La Fuente – Escritora.
IPÊ AMARELO – A COR DOURADA DO BRASIL
O ipê-amarelo é encontrado em todas as regiões do Brasil e sempre chamou a atenção de naturalistas, poetas, escritores e até de políticos.
Em 1961, o então presidente Jânio Quadros declarou o ipê-amarelo, da espécie Tabebuia vellosoi, a Flor Nacional. Desde então o ipê-amarelo é a flor símbolo de nosso país.
Os ipês pertencem à família das Bignoniáceas, da qual também faz parte o jacarandá, e ao gênero Tabebuia (do tupi, pau ou madeira que flutua), embora sejam de madeira muito pesada para flutuar.
Tabebuia era, na verdade, o nome usado pelos índios para denominar a caixeta (Tabebuia cassinoides), uma árvore de madeira leve da região litorânea do Brasil, muito usada hoje na fabricação de artesanatos, instrumentos musicais, lápis e vários outros objetos.
Ipê é uma palavra de origem tupi, que significa árvore cascuda, e é o nome popular usado para designar um grupo de nove ou dez espécies de árvores com características semelhantes de flores brancas, amarelas, rosas, roxas ou lilás.
No Norte, Leste e Nordeste do Brasil, são mais conhecidos como pau d’arco (os indígenas utilizavam a madeira para fazer arco e flecha); no Pantanal, como peúva (do tupi, árvore da casca).
E, em algumas regiões de Minas Gerais e Goiás, como ipeúna (do tupi, una = preto). Na Argentina e Paraguai ele é conhecido como lapacho.
De forma geral os ipês ocorrem principalmente em florestas tropicais, mas também podem aparecem de forma exuberante no Cerrado e na Caatinga.
A Tabebuia chrysotricha é uma das espécies nativas de ipê-amarelo que ocorre na Mata Atlântica, desde o Espírito Santo até Santa Catarina.
Este nome científico (chrysotricha) é devido à presença de densos pêlos cor de ouro nos ramos novos. Tem como sinonímias Botânicas: Tecoma chrysotricha e Handroantus chrysotrichus. Conhecidos por sua beleza e pela resistência e durabilidade de sua madeira, os ipês foram muito usados na construção de telhados de igrejas dos séculos XVII e XVIII.
Se não fosse pelos ipês, muitas dessas construções teriam se perdido com o tempo. Até hoje a madeira do ipê é muito valorizada, sendo bastante utilizada na construção civil e naval.
Hoje é muito difícil encontrar uma árvore de ipê-amarelo em meio à mata nativa, quando isso acontece, o espetáculo é grandioso e merece ser apreciado com calma e reverência. Podendo atingir até 30 metros de altura, o ipê em flor no meio da mata, contrasta com o verde das outras árvores.
As variedades de pequeno e médio porte (8 a 10 metros) são ideais para o paisagismo e a arborização urbana. A coloração das flores produz um belíssimo efeito tanto na copa da árvore como no chão das ruas, formando um tapete de flores contrastantes com o cinza das cidades.
NOTA DA REDAÇÃO: Esta informação sobre o Ipê – a flor dourada do Brasil, faz parte de um texto da ambientalista Miriam Prochnow com a colaboração Geraldine Maiochi e Tatiana Arruda Correia, publicado em 19/02/2010. O texto não representa a opinião da Revista Xapuri e é de responsabilidade das autoras.