A era ecozoica e sua relevância
Inauguramos uma nova era, a Era Ecozoica, expressão sugerida por um dos maiores astrofísicos atuais, diretor do Centro para a História do Universo do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia, Brian Swimme.
Por Leonardo Boff
No Ecozoico, tudo é ecologizado porque a ecologia ganhará centralidade, e ao redor de seu eixo se organizarão todas as demais atividades: a econômica, a social, a política, a industrial, a cultural e a religiosa. Ecologizar aqui significa buscar um equilíbrio de todos os fatores e estar em sinergia e sintonia com o Todo.
O Ecozoico nos obriga a alterar o estado de nossa consciência, [para] assumirmos nosso lugar e nossa responsabilidade no processo cosmogênico. Quando há 66,5 milhões de anos surgiu o Cenozoico, o ser humano não teve influência nele. Agora, no Ecozoico, muita coisa passa por nossas decisões. Dentro do Ecozoico, [surge] uma sub-era, a do Antropoceno (o ser humano como uma força geofísica destruidora).
[Mas] podemos também preservar o mais que pudermos cada ecossistema, cada espécie, e o equilíbrio do Planeta Terra. Agora nós co-pilotamos o processo evolucionário. Somos, em parte, protagonistas dessa história terrenal e cósmica.
O que a Era Ecozoica cobra de nós? Cobra-nos a disposição de alinhar nossas mentes e nossas práticas humanas com as outras forças operantes em todo o planeta e no Universo, para que um equilíbrio criativo seja alcançado e assim possamos garantir um futuro comum aceitável, [o que] implica outro modo de imaginar, de produzir, de consumir e dar significado à nossa passagem por esse mundo.
Aquilo que o ecofilósofo norueguês Sigmund Kwaloy formulou e que foi assumido pelas duas representantes da ecologia do profundo e ativistas norte-americanas, Joana Macy e Molly Young Brown, em seu livro “Nossa vida como Gaia” (2004), precisamos operar: a passagem de uma Sociedade do crescimento industrial para uma Sociedade de sustentação de toda a vida.
Essa passagem implica trocar a busca do crescimento visando o lucro pela busca da manutenção de todas as condições de matéria, energia e informação que garantam a sustentabilidade da vida, nas suas variadas formas, preservando o capital natural e dando-lhe tempo para que possa se reequilibrar e refazer sua integridade perdida. Esse constitui, quiçá, o grande desafio do presente momento da história: esperar essa grande transformação.