Leonel Brizola: 15 anos sem o herói da resistência nacional

15 anos sem Leonel Brizola,o símbolo da esquerda nacional

Brizola governou dois estados, comandou a ao Golpe de 1964 e quase foi presidente do Brasil

Por Valentina Nunes/Avenutras na História

De família muito pobre, o gaúcho Itagiba de Moura Brizola só mais tarde virou Leonel, ao adotar o nome de um líder maragato da gaúcha de 1923. Filho de José de Oliveira e Oní de Moura, Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922, no pequeno povoado de Cruzinha, no município de Carazinho, cidade do Rio Grande do Sul que na época pertencia a Passo Fundo. Dali saiu para se tornar técnico rural, em 1939, e se formar em engenharia, em 1949, mas não sem antes trabalhar como engraxate e, depois, como ascensorista.

Um dos principais opositores da ditadura de 1964, e um dos líderes da esquerda brasileira, com intensa atuação na até sua morte em 21 de junho de 2004, Brizola, segundo o Diário Oficial da União, entrou em 29 de dezembro de 2015 para o dos Heróis da Pátria, que fica em exposição permanente no Panteão da Pátria, em , e homenageia pessoas que tiveram papel importante na do Brasil.

Sua trajetória política começou entre 1945 e 1949, enquanto estudava engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e já fazia parte do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1947, foi eleito deputado estadual; tendo sido reeleito em 1950, cumpriu o mandato por um ano até ser nomeado secretário estadual de Obras.

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Crédito: Reprodução

 

 

Na época, Brizola já namorava com Neusa Goulart, irmã do também deputado estadual petebista João Goulart, o Jango, mais tarde eleito vice-presidente da República na chapa de Jânio Quadros. De seu casamento com ela nasceram três filhos.

Em 1954, foi eleito novamente pelo PTB, dessa vez deputado federal, chegando à prefeitura de Porto Alegre no ano seguinte. Eleito governador do Rio Grande do Sul com imenso apoio popular, em 1958, adotou medidas impactantes. Entre elas a implantação da reforma agrária e a estatização de empresas multinacionais. Em maio de 1959, o governo gaúcho encampou a Companhia de Energia Elétrica Rio-Grandense, filial da norte-americana American & Foreign Power Company.

A trajetória nacional de Brizola como líder de esquerda começou a se consolidar a partir da renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961. Diante do veto dos ministros militares à posse do vice, João Jango Goulart, o caudilho gaúcho ocupou as rádios Guaíba e Farroupilha, em Porto Alegre, para formar o que chamou de Cadeia da Legalidade. O objetivo de Brizola era aglutinar as forças populares.

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Brizola no retorno do exílio, em Foz do Iguaçu / Crédito: Reprodução

Em 1962, Brizola conseguiu a façanha de se reeleger deputado federal, ainda pelo PTB, mas dessa vez pelo antigo estado de Guanabara, atual Rio de Janeiro. Recebeu 269 mil votos, a maior então registrada. Assumiu no ano seguinte a cadeira na Câmara, de onde exigia de Jango, o cunhado presidente, a implantação das Reformas de Base agrária, bancária e tributária.


Reportagem retirada do Livro 365 dias que mudaram o Brasil, da autora Valentina Nunes, Editora Planeta do Brasil, (p. 52, 53).

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Governador do RJ, Brizola trocou armas de brinquedo por livros para as crianças e fez uma fogueira para comemorar / Crédito: Reprodução

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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