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Linda Serra dos Topázios: Um exemplo de preservação do Cerrado

Linda Serra dos Topázios: Um exemplo de preservação do

Linda Serra dos Topázios: Um exemplo de preservação do Cerrado – Os cerca de 500 hectares da RPPN situam-se entre o encachoeirado rio Topázios e o também encachoeirado Córrego Pedra Impé, que se juntam no vértice mais baixo da Reserva, formando um cânion. Ao longo dos cursos de água, as corredeiras se entremeiam sobre lajes com poços.

Por Eduardo Pereira

Localizada no município de Cristalina, bem perto da capital federal, a cerca de 110 km de , a Reserva Particular de Natural (RPPN) Linda Serra dos Topázios – umas das primeiras do – é exemplo em de biodiversidade e serve de modelo de preservação do bioma Cerrado.

Os cerca de 500 hectares da RPPN situam-se entre o encachoeirado rio Topázios e o também encachoeirado Córrego Pedra Impé, que se juntam no vértice mais baixo da Reserva, formando um cânion. Ao longo dos cursos de água, as corredeiras se entremeiam sobre lajes com poços.

A biodiversidade da flora do Cerrado na Linda Serra dos Topázios encontra-se registrada em textos e fotos no livro Flores e Frutos do Cerrado (Universidade de Brasília – Agência Ambiental do Estado de Goiás, 2000).

Também em parceria com a UnB e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a Reserva mantém o programa Ecoastronomia, voltado para o estudo do espaço. Segundo o INPE, a região tem o céu mais limpo do , o que favorece a observação para estudos e o turismo.

Já o programa Aprendendo com o Cerrado é voltado para alunos de primeiro e segundo graus da rede escolar de Cristalina e outros municípios e seu objetivo é ampliar a consciência de preservação do Cerrado.

 

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O QUE É UMA RPPN

A Reserva Particular do Patrimônio Natural, ou RPPN, é uma modalidade de Unidade de Conservação (UC) criada pela Lei N.º 9.985 de 18 de julho de 2000, conhecida como a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Segundo a “Lei do SNUC”, a RPPN tem por missão “…compatibilizar a conservação da com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.”

Constituída em terras privadas, uma RPPN tem por finalidade preservar a diversidade biológica do local onde se encontra.O/a proprietário/a assume, por vontade própria, o compromisso pela preservação da propriedade, ou de parte dela, por indeterminado, uma vez que o título é de caráter permanente. Mesmo que o local seja vendido para outro/a proprietário/a, a condição de unidade de conservação se mantém. Por esse mesmo motivo, a área não poderá ser utilizada para penhora em financiamentos.

O Brasil conta hoje com 750 RPPNs distribuídas por todo o território nacional. Juntas, as RPPN brasileiras somam cerca de 580 mil hectares. O bioma da Mata Atlântica tem o maior número de RPPNs, quase 500, mas é no Pantanal que se encontra a maior área protegida por RPPNS, com cerca de 254 mil hectares.O Instituto de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, do Ministério do , disponibiliza via internet www.icmbio.gov.br, um roteiro para a criação de RPPN Federal.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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