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Live Solidária – Mulheres Negras Movem o Brasil

❤️ LIVE SOLIDÁRIA MOVEM O ⏰ Dia: 14/10, às 21h 📍 Mediadora: Ieda Leal 🗣️ Participação: 📌 Fran Abreu – Coordenadora de Organização e Secretariado do MNU/Piauí. Conselheira CEPPIR/PI 📌 Marilda Simeão – Presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial – Compir/JF


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Mulheres negras e pandemia: reflexões sobre raça e gênero
O Brasil começa o mês de outubro de 2020 com 146.773 mortes por e uma estimativa de quase 5 milhões de infectados. A extensão do impacto da pandemia ainda não consegue ser calculada, porém, já é possível dizer sem medo de errar quais grupos sociais foram os mais impactados. 
Por OXFAM
A covid-19 evidenciou as desigualdades sociais e econômicas no Brasil e no mundo. Por aqui, a falta de e de acesso a serviços básicos, como saneamento e saúde, agravou a situação dos mais pobres. 
No país, mais de 13 milhões de pessoas vivem em comunidades sem saneamento básico, postos de saúde e adequados. Essa realidade torna-se ainda mais impactante quando pensamos que milhões de pessoas vivem sem as mínimas condições de isolamento social, higiene e alimentação. 

Desemprego atinge principalmente as mulheres negras

Muitas trabalhadoras e trabalhadores continuaram circulando pelas cidades, já que suas funções não podiam ser feitas de casa. São milhares de pessoas empregadas comobabás, domésticas, motoristas, profissionais da linha de frente da saúde, etc. Ou trabalhavam, ou eram demitidos. Essa grande parcela da população é composta, sobretudo, por mulheres negras, que mesmo antes da pandemia já reunia os piores índices quando o assunto é direitos humanos. 
Segundo o IBGE, a diferença entre a taxa de desemprego entre brancos e pretos atingiu o pior nível desde 2012. Enquanto o índice para pretos está em 17,8% e para pardos, 15,4%, a taxa para brancos fica em 10,4%. Isso se deve à pandemia que atingiu principalmente as atividades com maior participação da população negra e parda: comércio, trabalho doméstico, serviços e construção civil. O impacto também foi grande no setor informal, que é composto majoritariamente por pessoas negras.
Entretanto, o economista e ex-ministro Marcelo Neri afirma que o impacto é maior do que apenas as taxas de desemprego. O número de horas trabalhadas, renda e taxa de participação no mercado também caíram mais para negros. Essas diferenças acumuladas aumentam o número de pessoas em situação de pobreza e miséria.
Apesar de insuficientes, segundo o economista, medidas como a adoção do auxílio emergencial contribuíram para segurar o desemprego. Sem elas, a taxa seria ainda maior, atingindo 22%. A maior preocupação, neste momento, é a perspectiva do fim do auxílio emergencial que aprofundará ainda mais a crise que a população negra está vivenciando .
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Classe, mulheres negras e pandemia

O desemprego causado pela pandemia trouxe marcas mais profundas para a população negra e periférica, que historicamente sempre teve menos acesso aos postos de saúde, ao saneamento, às moradias dignas e às oportunidades de emprego. Com a chegada da covid-19, essa desigualdade ficou mais acentuada.
Além de terem menos espaço no mercado de trabalho, as mulheres enfrentam ainda outro problema: a dupla jornada. Durante a pandemia, as mulheres que mantiveram seus empregos se viram às voltas com questões extras de , lazer e entretenimento dos filhos, que passaram a ficar em casa com o fechamento das escolas.
Segundo pesquisa divulgada pela Gênero e Número, 41% das mulheres que mantiveram seus trabalhos durante a pandemia afirmaram que passaram a trabalhar ainda mais agora.

Exclusão social e racismo

A professora Rafaella Florencio lembra que a primeira vítima da covid-19 no Brasil foi uma negra, empregada doméstica de meia idade. O elevado número de mortes de pessoas negras e, especialmente mulheres negras, é uma evidente consequência do processo histórico de exclusão social e  que o país tem.
Esse cenário provoca danos extras à população negra brasileira. Ela tem maior probabilidade de desenvolver quadros de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares e, portanto, fica mais ameaçada pelo coronavírus do que a população branca, que tem melhores empregos, salários e histórico alimentar.
Além disso, o número de casos de violência doméstica aumentou em todo o Brasil. Apesar da subnotificação, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) registrou aumento de 50% no número de denúncias. Segundo Nilza Iraci, coordenadora do Geledés, a pandemia mostrou a realidade que as mulheres negras se deparam diariamente com uma série de vulnerabilidades, racismo e machismo.

Luta contra as desigualdades

Apesar do atual cenário, muitas mulheres negras se juntaram e desenvolveram iniciativas para ajudar outras mulheres durante a pandemia.
Em Pernambuco, foi desenvolvido um trabalho de comunicação com bicicletas munidas de caixas de som que anunciam mensagens de mulheres líderes em suas comunidades. Os dados epidemiológicos estão sendo divulgados por meio de um sistema de cores e um boletim de ocorrência para violência doméstica online foi elaborado e divulgado.
Pensando no período de pós-pandemia, diversos grupos de mulheres se reúnem, ainda que virtualmente, para debater as novas formas de promover e criar políticas públicas, incluindo indígenas, LGBTS, mulheres, idosos e jovens para este processo. Estamos prestes a ter novas eleições e este ano tivemos recorde de mulheres candidatas e mais negros do que brancos.
Apesar de serem a maioria da população brasileira, as mulheres negras são apenas 2% do e menos de 1% na Câmara dos Deputados segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
O relatório “Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade“, mostra que essa é uma questão mundial: em todo o mundo, as mulheres representam apenas 25% dos parlamentares eleitos.
Para mostrar a importância da representatividade negra e indígena na política, a Oxfam Brasil, o Instituto e o Instituto Afrolatinas estão promovendo o evento “Eleições 2020: o debate que queremos”, com candidatas negras e indígenas às câmaras municipais brasileiras. Os debates com as candidatas serão transmitidos pelo canal do Instituto Marielle Franco no Youtube.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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